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Ele também mencionou o que classificou como “ruídos” recentes, como a reação do mercado à discordância entre os membros do Copom na última reunião, como um fator que alterou as expectativas.
Em maio, a magnitude do corte na taxa de juros colocou em lados opostos os diretores indicados pelo presidente Lula, que votaram por uma queda de 0,50 ponto percentual na Selic, e os integrantes remanescentes do governo Jair Bolsonaro. Campos Neto desempatou a votação a favor de um corte mais modesto, de apenas 0,25 ponto percentual.
Outros pontos que motivaram a desancoragem das expectativas foram o cenário externo, a iminente troca de comando da autarquia e a mudança da meta fiscal. No entanto, Campos Neto sugere que as expectativas de inflação devem convergir à meta (que é de 3% atualmente), com avanços do governo em relação à política fiscal e ao entendimento de que o Banco Central atua de forma técnica, mesmo diante da mudança no comando da autoridade monetária, prevista para o final do ano, com o fim do mandato dele.
Durante um almoço com empresários organizado pelo Grupo Lide nesta segunda-feira, Campos Neto destacou como um avanço a possibilidade de desvinculação dos gastos com saúde e educação, defendida pela equipe econômica, comandada pelo ministro Fernando Haddad.
Pelas regras atuais, os gastos com Saúde representam 15% da receita corrente líquida do governo, enquanto as despesas com Educação devem ser de 18% da receita líquida de impostos, o que estaria pressionando os gastos públicos.
— Tínhamos reconhecido de forma unânime que a inflação estava desancorada. São vários fatores ao mesmo tempo: o tema fiscal, da mudança da meta, você tem um tema na mudança do comando do Banco Central, você tem a especulação sobre a mudança de metas de inflação, né? O tempo vai fazer com que as pessoas entendam que a decisão (do Copom) é técnica, que o colegiado vai discutir com base técnica. Às vezes vai ser unanimidade, às vezes não vai ter unanimidade. Então esse ruído acho que tem que diminuir com o tempo — disse o presidente do Banco Central.
Campos Neto concluiu dizendo que, quanto ao ruído fiscal, tem lido “boas notícias”:
— Eu li recentemente sobre a desvinculação do piso, educação e saúde. Acho que isso é um fato positivo grande. A parte de mudança de comando (do Banco Central), eu acho que isso o tempo vai tratar de endereçar, porque no final das contas o Banco Central é técnico, as instruções são técnicas.
Fonte: O GLOBO
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