Desde o início da guerra, Tel Aviv autorizou apenas a passagem de Kerem Shalom para entrada de comboio; comboio entregou alimentos suficientes para 25 mil pessoas
Um comboio de seis caminhões transportando ajuda humanitária foi autorizado a entrar diretamente no norte de Gaza a partir de Israel, na terça-feira, como parte de um "projeto-piloto". A remessa foi a primeira a ser entregue pelas Nações Unidas (ONU) na região em três semanas, já que as entregas estavam suspensas devido a um combo de bloqueios israelenses, combates e saques realizados pro multidões famintas.
Esta foi a primeira vez desde o início do conflito, iniciado em 7 de outubro, que Tel Aviv permitiu um comboio utilizar a nova rota — o único ponto de trânsito do Estado judeu permitido é Kerem Shalom, aprovada em dezembro como entrada "temporária".
Segundo os militares, citados pela rede de notícias al-Jazeera e o New York Times, o comboio continha ajuda do Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM) e atravessou pelo portão 96 da cerca de segurança, um ponto de passagem não muito longe do kibutz Be'eri, no sul de Israel. "Isto foi feito como parte de um projeto-piloto para evitar que o Hamas assumisse a ajuda", escreveram as forças em uma publicação no X (antigo Twitter). Antes de entrar, os caminhões passaram pela inspeção israelense perto do sul da Faixa.
O coordenador de ajuda humanitária da ONU para Territórios Palestinos Ocupados, Jamie McGoldrick, disse à Reuters que a organização vinha pressionando Israel a semanas para usar uma estrada israelense que passa ao lado da cerca da fronteira de Gaza para chegar ao norte do enclave. Os seis caminhões do PAM passaram por essa entrada na terça, disse o coordenador.
O PAM disse que entregou alimentos suficientes para 25 mil pessoas na Cidade de Gaza, no norte, na manhã de terça. A agência destacou que o comboio foi o primeiro "bem-sucedido para o norte desde 20 de fevereiro" e que, devido ao quadro crítico de fome no enclave, são precisos "mais pontos de entrada diretamente para o norte". Segundo a porta-voz da agência, Shaza Moghraby, citada pela Reuters, a entrada "prova que é possível transportar alimentos por estrada".
Na semana passada, os militares israelenses recusaram um comboio do PAM que tentava levar 200 toneladas de ajuda do centro de Gaza para o norte, de acordo com a agência da ONU. O comboio foi redirecionado e depois parado por uma "grande multidão de pessoas desesperadas que saquearam os alimentos", de acordo com a agência. O PAM havia suspendido anteriormente suas operações de ajuda no norte de Gaza, citando a falta de ordem.
O único ponto de trânsito israelense que é autorizado à entrada de ajuda humanitária é Kerem Shalom, na fronteira da Faixa de Gaza com Israel, no sul. A maior parte transita pela passagem de Rafah, que faz fronteira com a Península do Sinai egípcia. A rota foi aberta em dezembro, após pressão dos Estados Unidos para acelerar o fluxo de ajuda humanitária aos palestinos.
Fome em Gaza
A crise humanitária é especialmente terrível no norte de Gaza, onde Israel fez seus primeiros avanços militares após o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro, que deu início à guerra. Dados do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) mostram que pelo menos 500 mil pessoas já vivem em situação de fome ou catástrofe humanitária em Gaza, e quase toda a população de 2,4 milhões de pessoas enfrenta escassez aguda de alimentos. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 20 pessoas morreram por inanição — pelo menos metade eram menores de idade.
Desde então, a pressão internacional tem se intensificado para que Israel resolva a crescente crise humanitária. As Nações Unidas alertaram sobre a iminência de uma fome se o acesso a alimentos e outras necessidades não melhorar, especialmente no norte, e na terça-feira o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrel, denunciou o uso da fome "como arma de guerra" .
Um esforço multinacional foi iniciado para fornecer alimentos e outras necessidades por via marítima e aérea — a Alemanha anunciou nesta quarta que estava se unindo aos esforços desta última. Os Estados Unidos, o Reino Unido, a União Europeia e outros governos disseram na semana passada que estabeleceriam um corredor marítimo para levar ajuda a Gaza a partir de Chipre, e o exército dos EUA anunciou planos para construir um píer flutuante para facilitar as entregas, pois Gaza não tem um porto em funcionamento.
Na terça, zarpou o primeiro navio a inaugurar um corredor marítimo entre Chipre e a Faixa de Gaza com quase 200 toneladas de alimentos, um trabalho conjunto entre as organizações humanitárias espanholas Open Arms e World Central Kitchen (WCK).
Mas as organizações de ajuda humanitária e os representantes do governo disseram que os embarques marítimos e aéreos são complicados e que os caminhões são a melhor abordagem. Cerca de 100 caminhões transportando alimentos e outros suprimentos entraram em Gaza todos os dias em fevereiro, em média, por meio de duas rotas terrestres abertas. Mas isso é uma fração do que estava entrando por terra antes do início da guerra em outubro — quase 500. (Com New York Times)
Fonte: O GLOBO
Segundo os militares, citados pela rede de notícias al-Jazeera e o New York Times, o comboio continha ajuda do Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM) e atravessou pelo portão 96 da cerca de segurança, um ponto de passagem não muito longe do kibutz Be'eri, no sul de Israel. "Isto foi feito como parte de um projeto-piloto para evitar que o Hamas assumisse a ajuda", escreveram as forças em uma publicação no X (antigo Twitter). Antes de entrar, os caminhões passaram pela inspeção israelense perto do sul da Faixa.
O coordenador de ajuda humanitária da ONU para Territórios Palestinos Ocupados, Jamie McGoldrick, disse à Reuters que a organização vinha pressionando Israel a semanas para usar uma estrada israelense que passa ao lado da cerca da fronteira de Gaza para chegar ao norte do enclave. Os seis caminhões do PAM passaram por essa entrada na terça, disse o coordenador.
O PAM disse que entregou alimentos suficientes para 25 mil pessoas na Cidade de Gaza, no norte, na manhã de terça. A agência destacou que o comboio foi o primeiro "bem-sucedido para o norte desde 20 de fevereiro" e que, devido ao quadro crítico de fome no enclave, são precisos "mais pontos de entrada diretamente para o norte". Segundo a porta-voz da agência, Shaza Moghraby, citada pela Reuters, a entrada "prova que é possível transportar alimentos por estrada".
Na semana passada, os militares israelenses recusaram um comboio do PAM que tentava levar 200 toneladas de ajuda do centro de Gaza para o norte, de acordo com a agência da ONU. O comboio foi redirecionado e depois parado por uma "grande multidão de pessoas desesperadas que saquearam os alimentos", de acordo com a agência. O PAM havia suspendido anteriormente suas operações de ajuda no norte de Gaza, citando a falta de ordem.
O único ponto de trânsito israelense que é autorizado à entrada de ajuda humanitária é Kerem Shalom, na fronteira da Faixa de Gaza com Israel, no sul. A maior parte transita pela passagem de Rafah, que faz fronteira com a Península do Sinai egípcia. A rota foi aberta em dezembro, após pressão dos Estados Unidos para acelerar o fluxo de ajuda humanitária aos palestinos.
Fome em Gaza
A crise humanitária é especialmente terrível no norte de Gaza, onde Israel fez seus primeiros avanços militares após o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro, que deu início à guerra. Dados do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) mostram que pelo menos 500 mil pessoas já vivem em situação de fome ou catástrofe humanitária em Gaza, e quase toda a população de 2,4 milhões de pessoas enfrenta escassez aguda de alimentos. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 20 pessoas morreram por inanição — pelo menos metade eram menores de idade.
Desde então, a pressão internacional tem se intensificado para que Israel resolva a crescente crise humanitária. As Nações Unidas alertaram sobre a iminência de uma fome se o acesso a alimentos e outras necessidades não melhorar, especialmente no norte, e na terça-feira o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrel, denunciou o uso da fome "como arma de guerra" .
Um esforço multinacional foi iniciado para fornecer alimentos e outras necessidades por via marítima e aérea — a Alemanha anunciou nesta quarta que estava se unindo aos esforços desta última. Os Estados Unidos, o Reino Unido, a União Europeia e outros governos disseram na semana passada que estabeleceriam um corredor marítimo para levar ajuda a Gaza a partir de Chipre, e o exército dos EUA anunciou planos para construir um píer flutuante para facilitar as entregas, pois Gaza não tem um porto em funcionamento.
Na terça, zarpou o primeiro navio a inaugurar um corredor marítimo entre Chipre e a Faixa de Gaza com quase 200 toneladas de alimentos, um trabalho conjunto entre as organizações humanitárias espanholas Open Arms e World Central Kitchen (WCK).
Mas as organizações de ajuda humanitária e os representantes do governo disseram que os embarques marítimos e aéreos são complicados e que os caminhões são a melhor abordagem. Cerca de 100 caminhões transportando alimentos e outros suprimentos entraram em Gaza todos os dias em fevereiro, em média, por meio de duas rotas terrestres abertas. Mas isso é uma fração do que estava entrando por terra antes do início da guerra em outubro — quase 500. (Com New York Times)
Fonte: O GLOBO
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