A palavra de ordem é cautela. O comandante do Exército, Tomás Paiva, tem deixado claro a interlocutores que não se envolverá na crise instaurada com a prisão do ex-ajudante de ordens, o coronal Mauro Cid. A pessoas próximas ele tem defendido que o assunto envolvendo o ex-braço direito de Jair Bolsonaro é um tema da Justiça e que é nesta esfera que será tratado.

Cid foi preso na quarta-feira em sua casa, na Vila Militar, em Brasília. O fato gerou incômodo, em especial, entre militares da reserva que seguem apoiando o governo anterior e que são críticos ao Supremo Tribunal Federal. O grupo de incendiários inclui o general da reserva Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice de Bolsonaro. Hoje, o militar é funcionário do PL, partido do ex-presidente.

Como informou a coluna, entre os membros do alto comando há um arrependimento sobre o tratamento dispensado a Cid. A avaliação é de que ele deveria ter recebido reprimendas ainda durante o governo passado, mostrando que estava indo “longe demais” na sua atuação junto a Bolsonaro.

O desconforto ficou latente com o caso as joias da Arábia Saudita e foi reforçado com a operação policial desta semana, mostrando a atuação direta do militar na falsificação de certificados de vacina. A leitura de integrantes de alta patente do Exército é que a exposição negativa do Cid acaba por contaminar a imagem da Força.

Pouco antes da operação contra Cid, na quarta-feira, o comandante Tomás Paiva foi procurado pela cúpula da Polícia Federal, que lhe pediu um oficial para acompanhar uma diligência. O alvo, no entanto, foi mantido em sigilo.

Horas depois da prisão, o alto comando almoçou no quartel-general do Exército com o presidente Lula. Apesar da operação contra Cid pairar no ar, assuntos espinhosos não foram o foco da conversa, segundo participantes. A conversa teve como centro os projetos prioritários da Força e investimentos federais na área de defesa.


Fonte: O GLOBO