Resultado foi quase 15% superior ao mesmo período do ano passado

O Itaú, maior banco privado do país, divulgou um lucro de recorrente de R$ 8,4 bilhões no primeiro trimestre, número superior aos lucros de Bradesco e Santander somados no mesmo período. O Bradesco lucrou R$ 4,2 bilhões e o Santander R$ 2,1 no período, totalizando juntos R$ 6,3 bilhões. O resultado do Itaú é 14,6% maior do que no mesmo período de 2022 e 10% acima do quarto trimestre de 2022.

Entre os fatores que mais influenciaram os resultados estão o aumento da receita com prestação de serviços e seguros e o crescimento da margem financeira com clientes.

- Estamos satisfeitos com o resultado. Estamos numa transformação cultural, mas com pé no chão. Temos enorme respeito pelos concorrentes e estamos focados na nossa transformação digital - disse o presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho, presidente do banco.

Maluhy disse que há um redesenho nas agências do banco exatamente pela questão digital. No primeiro trimestre, informou, foram fechadas 58 agências (de 4.231 em dezembro para 4.173 para março), mas o banco já tem 415 agências digitais, que são espaços de negócios.

- Não temos uma meta (de fechar agências). Mas continuamos monitorando o fluxo de clientes e encontrando oportunidades. Não olhamos eficência das agências, mas as melhores condições para atender os clientes, que estão se digitalizando cada vez mais - afirmou o presidente do banco.

O crédito total no Itaú cresceu apenas 0,6% no trimestre. Depois do episódio da Americanas, que encontrou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões e entrou em recuperação com dívidas de R$ 43 bilhões, o crédito corporate do Itaú (destinado a empresas) tem uma gestão mais cautelosa.

- Reduzimos nossa exposição a setores de maior volatilidade, reduzimos a exposição aos dez maiores devedores do banco e aumentamos a participação na carteira de empresas que têm investment grade (avaliação positiva dada por agências de classificação de risco) - explicou Maluhy.

A carteira das micro, pequenas e médias empresas registrou queda anual de 2,2% em função de menor demanda por crédito por parte dessa faixa de clientes do Itaú.

A carteira de pessoas físicas foi a que mais cresceu e registrou alta de 0,9% no trimestre.

O Itaú Unibanco encerrou março com índice de 2,9% na inadimplência de operações vencidas há mais de 90 dias, estável sobre o final de 2022, mas acima dos 2,6% registrados um ano antes.

Recentemente, a equipe de economistas do Itaú revisou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de 1% para 1,4%, este ano. O presidente do banco disse que isso é um reflexo da melhora da atividade econômica no primeiro trimestre.

Mas, os efeitos da política de juros mais altos no país, deverá desacelerar a economia nos próximos trimestres, resultando numa expansão de 1,4%. Para 2024, a previsão de crescimento do país, na visão do Itaú, é uma expansão mais próxima de 1%.

“Mais uma vez, vemos os resultados do 1T23 do Itaú como sólidos”, aponta a XP

O banco, assim como os demais credores da Americanas está na mesa de negociações, mas Maluhy afirmou que é difícil estimar quanto das provisões feitas (o Itaú provisionou 100% dos R$ 4,3 bilhões em dívidas com a varejista para possíveis perdas) poderão ser revertidas.

- Vamos ser cautelosos com a reversão das provisões. Ainda estamos num processo de negociações - afirmou.

O mercado considerou positivo o resultado do banco no período.

"Como resultado, vemos os resultados gerais do banco como robustos e reiteramos nossa visão positiva sobre a instituição”, avaliam os analistas da XP.


Fonte: O GLOBO