Professora morreu ao escapar de tobogã e se chocar contra grade. Filho da mulher se levantou com a cabeça sangrando e precisou ser acalmado por visitante

Uma das visitantes do Ski Mountain Park, onde uma professora morreu neste sábado ao sofrer acidente em um tobogã, em São Roque (SP), conta que testemunhou a tragédia junto aos dois filhos e que houve “despreparo” por parte dos funcionários do local no socorro à vítima, a professora Luciana Morgado Cerri Teixeira, de 41 anos.

A treinadora comportamental Janini Janere, moradora de Jundiaí, diz tinha chegado há pouco tempo ao parque, por volta de 10h30, quando o acidente aconteceu. Ela e os dois filhos, de 10 e 12 anos, aguardavam para subir em um teleférico, quando perceberam as pessoas descendo no tobogã de 350 metros que fica no gramado ao lado.

— Estávamos na fila para subir no teleférico e vimos uma pessoa descendo no tobogã, estava muito rápido. Eu percebi que ela estava com um volume nas pernas, não sabia ainda que era uma criança. Ela passou por uma lombadinha que tem no brinquedo e, devido à velocidade, caiu fora da pista e se chocou com a grade que separa o tobogã do teleférico. Foi bem na minha frente, foi muito chocante — relata.

Janini diz que a criança que estava no colo da mulher se levantou e veio em sua direção, com a cabeça sangrando muito. Ela tentou acalmar o menino, de 7 anos, e sua irmã, que também estava no tobogã. O menino posteriormente foi encaminhado ao Hospital São Francisco. Seu estado de saúde não foi informado.

Já a professora Luciana Cerri permaneceu imóvel no chão. De acordo com Janini, só havia um socorrista na ambulância do parque e um funcionário que estava operando o teleférico se juntou a ele na tentativa de socorro, largando as pessoas que estavam nas cabines do teleférico penduradas nas alturas por cerca de dez minutos:

— O atendimento foi de um nível de despreparo absurdo. Não deram os primeiros socorros ao menino, só tinha um socorrista no momento, o rapaz que estava operando o teleférico deixou todo mundo pendurado lá e, quando veio uma terceira pessoa ajudar, vi que eles chegaram a derrubar o corpo da mulher no chão ao tentar colocá-lo na maca.

Segundo Gabriela Gonçalves, que também visitava o parque com a família no sábado, havia caído uma garoa pouco antes do acidente, o que pode ter deixado o concreto do tobogã molhado e contribuído para o ganho de velocidade da mulher.

— Tinha monitores orientando as pessoas em todos os brinquedos. Nós estávamos na parte de cima do barranco, vimos o momento em que o marido dela (que não havia descido no tobogã) desceu o barranco com tudo para ir ver o que tinha acontecido. Preferimos não descer, tínhamos ido só visitar o parque bem rápido mesmo e, por coincidência, no mesmo instante presenciamos esse fato trágico — conta Gabriela.

Janini e a família pediram o reembolso dos ingressos que haviam pago, no valor total de R$ 650. Segundo ela, o parque continuou a funcionar e a vender ingressos mesmo depois da tragédia, vindo a fechar somente horas depois, já no início da tarde.

— Meus filhos ainda estão bem abalados, em estado de choque. Não havia condição nenhuma de continuarmos ali. Poderíamos estar passando uma Páscoa muito mais agradável do que está sendo — conta.

A Polícia Civil de São Paulo investiga as circunstâncias do acidente. O tobogã onde a mulher morreu foi interditado. O caso foi registrado na delegacia de São Roque como morte suspeita e lesão corporal.

Em curta publicação nas redes sociais, o Ski Mountain Park informou que o local permaneceria fechado durante este fim de semana por “luto”. O GLOBO pediu manifestação da administração do local, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Luciana Morgado Cerri Teixeira deixa dois filhos e o marido. Seu velório será realizado às 12h de segunda-feira no cemitério Parque das Acácias, em Campinas.

O parque onde a professora morreu já havia sido palco de outra morte, ocorrida em 2011. Na ocasião, um adolescente 15 anos morreu após cair em uma pista destinada à prática de esportes com bicicletas.


Fonte: O GLOBO