Nova rodada de negociação acontece em meio a pressão internacional contra Israel por ofensiva contra a cidade de Rafah

Os chefes do Mossad, David Barnea, e da CIA, William Burns, desembarcam nesta terça-feira no Cairo, para participarem das negociações sobre um possível acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza. A nova rodada de conversas acontece em um momento em que a pressão sobre Israel aumenta diante da iminência de uma ofensiva ampla contra a cidade de Rafah — que é refúgio para quase metade da população palestina —, que rendeu pedidos de moderação de Pequim a Washington.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que Israel não deveria prosseguir com uma grande ofensiva terrestre em Rafah sem um “plano credível” para proteger as mais de um milhão de pessoas deslocadas pelo conflito para a região. Na segunda-feira, depois de se reunir na Casa Branca com o rei Abdullah II, da Jordânia, o democrata fez a cobrança pública.

— Muitas pessoas foram deslocadas, deslocadas várias vezes, fugindo da violência para o norte, e agora estão amontoadas em Rafah, expostas e vulneráveis — disse em uma aparição com o rei Abdullah. — Eles precisam ser protegidos.

Biden rejeitou a ideia de um cessar-fogo total, dizendo que Israel tem o direito de se defender. Mas ele pressionou por uma pausa nos combates que poderia permitir a libertação dos reféns detidos pelo Hamas e algo “mais duradouro”.

O rei da Jordânia, Abdullah II, e o presidente dos EUA, Joe Biden, após encontro na Casa Branca — Foto: Chris Setian/Palácio Real da Jordânia/ AFP

O rei Abdullah, por sua vez, disse que uma invasão israelense de Rafah produziria outra catástrofe humanitária.

— A situação já é insuportável para mais de um milhão de pessoas que foram empurradas para Rafah desde o início da guerra — disse o monarca. — Não podemos ficar parados e deixar isso continuar. Precisamos de um cessar-fogo duradouro agora. Esta guerra deve acabar.

A pressão internacional também cresceu em outras frentes. A China pediu, na terça-feira, que Israel que interrompesse as operações militares em Gaza o mais rápido possível para "evitar uma catástrofe humanitária ainda mais grave". O Ministério das Relações Exteriores da China apontou, em um breve comunicado, que Israel deveria “fazer todo o possível para evitar baixas entre civis inocentes".

Em Moscou, a Rússia anunciou estar "preparada para apoiar qualquer ação" para leve à libertação dos reféns e a um cessar-fogo. De acordo com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o interesse do país é por uma solução abrangente do problema.

— Acreditamos que as ações devem ser construtivas, visando uma solução abrangente do problema no âmbito do direito internacional e das resoluções do Conselho de Segurança previamente adotadas — disse Peskov.

O governo brasileiro também emitiu uma nota sobre os riscos de nova ofensiva terrestre programada por Israel para Rafah. O Ministério das Relações Exteriores afirmou que "tal operação, se levada a cabo, terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos, como vem ocorrendo desde o início do conflito". (NYT e AFP)


Fonte: O GLOBO