Quatro estrangeiros dividiram compartimento usado para manutenção de leme;

Ao longo de 13 dias, os quatro nigerianos encontrados, nesta segunda-feira, escondidos em um navio fundiado no Porto de Vitória, no Espírito Santo, enfrentaram o frio, além da falta de comida e água, em um pequeno compartimento sobre o leme da embarcação. O cargueiro deixou a cidade de Lagos, na Nigéria, no dia 27 de junho e cruzou mais de 5 mil quilômetros até o litoral brasileiro.

O compartimento de metal é chamado de casa de leme, que pode ser acessado tanto pelo lado de fora da embarcação quanto por dentro. A estrutura serve como acesso ao eixo do leme e permite atividades de manutenção, reparo e trocas no maquinário. Segundo disse ao GLOBO, o agente da PF Rogério Lages, que participou do resgate, a parte na qual ficaram os nigerianos teria cerca de 2m³.

Dado o pouco espaço disponível no compartimento, pelo qual passa o eixo do leme, a PF acredita que os nigerianos precisaram revezar, com um sendo obrigado a ficar do lado de fora. Veja abaixo um infográfico de como costumam ser esses espaços em embarcações do gênero:

Com uma abertura em direção ao mar, que teria sido o meio pelo qual os estrangeiros entraram clandestinamente no navio, o espaço era pouco seguro, dada as chances dos quatro acabarem caindo no oceano em um movimento mais brusco da embarcação. Dois deles não sabiam nadar, segundo a PF.

Além dos riscos de afogamento, o local é descrito como frio e úmido. Segundo a PF, ao serem encontrados pelos agentes, os nigerianos usavam até três peças de roupa, uma sobre a outra.

Ainda de acordo com o órgão, os nigerianos relataram terem ficado sem água nos últimos três dias da viagem. A comida que os quatro levaram para a travessia também teria sido insuficiente e durado poucos dias após o navio deixar o porto de Lagos.

Resgatados, os nigerianos foram retirados do navio e deverão ser repatriados dentro de 25 dias. Nesta sexta-feira, os quatro irão prestar depoimento para a Polícia Federal. Segundo a PF, a empresa responsável pelo navio vai arcar com os custos do retorno dos imigrantes, algo que está prevista em lei.


Fonte: O GLOBO