Ministro das Relações Institucionais tem sido questionado por falhas na articulação política do governo

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta quarta-feira que realizou reuniões com partidos da base para traçar estratégias para "acelerar a pauta" do governo no Congresso. Padilha tem sido pressionado à frente da articulação política do governo sobretudo após derrota imposta pelo Congresso com a mudança de trechos dos decretos do Executivo sobre o Marco do Saneamento.

Nesta quarta-feira, o governo realizou duas reuniões com partidos da base, o PSB e o PSD, para cobrar fidelidade nas votações no Congresso.

– Nas duas reuniões, discutimos estratégias para acelerar a nossa pauta prioritária: os projetos que reestruturaram o governo, os que recriaram políticas sociais destruídas por Bolsonaro e os que vão permitir a retomada do nosso crescimento, como a nova regra fiscal. As conversas serviram para reiterar o bom clima de cooperação democrática entre o Executivo e o Legislativo – disse Padilha.

No fim da tarde, Padilha se reuniu com membros do PSD no Planalto. A reunião com parlamentares e ministros do PSD teve a presença a de André de Paula, ministro da Pesca e Aquicultura; Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia; Irajá Lacerda, secretário executivo do Ministério da Agricultura e Pecuária; o líder do PSD na Câmara, deputado Antônio Brito (PSD-BA); e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

O GLOBO apurou que os parlamentares cobraram o governo a respeito do espaço do partido no governo em termos orçamentários, com pastas relativamente pequenas como a Pesca, e também em relação à nomeação de cargos. Há uma visão de que o partido não tem conseguido nomear quadros. Parlamentares se queixam, por exemplo, que o governo tem nomeado prioritariamente indicações do PT, "furando a fila" do partido.

A participação da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, na reunião foi vista com maus olhos por alguns presentes, isso porque, segundo eles, a parlamentar teria deixado claro a sede dos petistas por mais espaço.

Outro ponto discutido durante a reunião foi o fato de que o governo precisa levar propostas ao Congresso que tenham mais "a cara" da coalizão que elegeu o presidente Lula e menos à esquerda. O PSD apresentou um documento com três sugestões de alteração no marco fiscal que, segundo eles, garantiriam votos a favor da proposta do governo. 

Os pontos abordados são: garantia de que não haja aumento de impostos, criação de mecanismos de controle de despesas, ferramentas de responsabilização caso não haja cumprimento das metas.

– O governo Lula faz política à luz do dia. E quem faz política às claras conta com a ajuda do Congresso para identificar as necessidades da população lá na ponta. É para isso também que os parlamentares são eleitos - por isso participarão na definição de projetos para a reconstrução do Brasil– disse Padilha no Twitter.

Mais cedo o governo realizou a primeira de uma série de reuniões com líderes da base do governo no Congresso. O encontro ocorreu na vice-presidência com parlamentares e ministros do PSB.

O presidente Lula não foi na reunião, o que foi justificado pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), que afirmou que articulações políticas cabem ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.

Após o fim da reunião, a presidente do PT, Gleisi Hofmann, disse que o líder do PSB, Felipe Carreras, afirmou que alguns deputados do partido não votaram com o governo porque seguiram orientação do bloco do qual fazem parte na Câmara.

– O que eu coloquei e deixei claro quanto PT é que eu achava que não podia ter uma opção entre governo e bloco. É governo é governo – disse Gleisi.


Fonte: O GLOBO