Entrevero ocorreu durante as discussões sobre um projeto de lei que tem o objetivo de, entre outras medidas, tipificar atos do crime organizado como terroristas

Os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Alessandro Vieira (PSDB-RS) protagonizaram momentos de dura divergência durante uma audiência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa nesta quarta-feira. O entrevero ocorreu durante as discussões sobre um projeto de lei que tem o objetivo de, entre outras medidas, tipificar atos do crime organizado como terroristas.

Flávio sugeriu, então, que a palavra "milícia", presente no texto, passasse a ser usada apenas quando associado à imposição de algum serviço — como internet ou distribuição de gás — mediante ameaça, enquanto o termo "esquadrão" trataria de grupos de extermínio.

— Hoje quem define isso é o juiz — argumentou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Alessandro Vieira, porém, discordou do colega de Casa, pontuando que a definição proposta por ele criaria uma espécie de "milícia light", que não pratica homicídios, e outra mais grave. Durante a intervenção, Vieira chegou a afirmar que Flávio teria "conhecimento de causa" sobre o tema.

— A emenda apresentada pelo senhor Flávio, que, evidentemente, ele tem todo o respeito pelo seu conhecimento da causa, ela cria uma espécie de milícia light, que é aquela que não mata as pessoas, e uma milícia mais grave, que é aquela que mata pessoas, que seriam os esquadrões da morte tão conhecidos — discorreu o tucano.

Na sequência, Flávio Bolsonaro reclamou do "tom irônico" usado por outros parlamentares. E, a exemplo do que já fez em outras ocasiões, rechaçou a hipótese de que o pai tenha qualquer ligação com grupos paramilitares.

— Só para refutar o tom irônico para que alguns tentam levar aqui a discussão, como se eu tivesse interesse em beneficiar miliciano... Tem uma narrativa de que Bolsonaro tem envolvimento com isso e com aquilo. O Rio nunca prendeu tantos milicianos nos últimos anos, em um governo aliado nosso — disse Flávio, acrescentando que domina o assunto por ser "do Rio de Janeiro, onde originalmente começou a se falar disso".


Fonte: O GLOBO