Com a vitória de Santiago Peña no domingo, região agora conta com oito presidentes de esquerda, dois de direita, um de centro e uma ditadura

As eleições presidenciais e legislativas do Paraguai terminaram no domingo com uma ampla vitória do governista Partido Colorado, no poder há mais de 70 anos. 

A manutenção da centro-direita no cargo significa que o país decidiu ficar de fora da nova “onda rosa” que tomou conta da América do Sul desde 2019, com seis governos – Argentina, Bolívia, Peru, Chile, Colômbia e Brasil – voltando para as mãos de presidentes progressistas.

De acordo com dados oficiais, o candidato colorado Santiago Peña foi eleito presidente com quase 43% dos votos, contra 27,5% de Efraín Alegre — que disputou a Presidência pela terceira vez —, da opositora Concertação Nacional (formada por 14 partidos de centro e centro-esquerda). Já Payo Cubas, de extrema direita, obteve 23% dos votos e terá entre quatro e cinco cadeiras no Senado, que tem um total de 45 integrantes. Partidos de esquerda terão apenas um senador.

Com este resultado, dos 12 países que constituem a América do Sul, oito são comandados por líderes que se identificam como sendo de esquerda, depois que o ex-guerrilheiro Gustavo Petro foi eleito na Colômbia em junho do ano passado e Luiz Inácio Lula da Silva ganhou um terceiro mandato no Brasil em novembro. O Chile, por sua vez, passou por uma guinada em dezembro de 2021, quando o ex-líder estudantil Gabriel Boric venceu o ultradireitista José Antonio Kast.

Confira os posicionamentos dos atuais governos sul-americanos:

Argentina — Alberto Fernández, esquerda

Alberto Fernández é um advogado e professor argentino empossado presidente da Argentina em dezembro de 2019. Ele é filiado ao Partido Justicialista, também conhecido como Partido Peronista, fundado pelo líder histórico Juan Domingo Perón. O mandatário, que enfrenta uma grave crise econômica no país, anunciou recentemente que não concorrerá à reeleição nas eleições previstas para outubro.

Bolívia — Luis Arce, esquerda

Eleito presidente da Bolívia nas eleições gerais do país em 2020, Luis Arce é economista, contador e professor. Foi Ministro da Economia de seu antecessor, Evo Morales, duas vezes. Arce participa do partido Movimento ao Socialismo (MAS), que tem origem na organização política dos cocaleros, camponeses-indígenas bolivianos.

Brasil — Lula, esquerda

Presidente do Brasil entre 2003 e 2011, Luiz Inácio Lula da Silva ganhou um terceiro mandato pelo Partido dos Trabalhadores nas eleições de 2018, disputada com o direitista Jair Bolsonaro, então no poder.

Chile — Gabriel Boric, esquerda

Gabriel Boric foi eleito presidente do Chile no final de 2021 com apenas 35 anos, tornando-se a pessoa mais jovem da Hhistória do país a ocupar o cargo. O ex-líder estudantil representou em sua eleição a coalizão "Aprovo Dignidade", que reuniu a Frente Ampla e o Partido Comunista do Chile. Sua posição como líder político começou a crescer desde 2011, quando comandou protestos estudantis por educação gratuita.

Colômbia — Gustavo Petro, esquerda

Gustavo Petro foi eleito o primeiro presidente de esquerda da História da Colômbia em junho do ano passado, com uma meta de campanha de alcançar a “paz total” com os grupos armados. Ex-guerrilheiro, foi vereador, prefeito de Bogotá e senador. Sua campanha também foi pioneira ao eleger Francia Márquez, a primeira mulher e pessoa negra no cargo de vice-presidente do país.

Equador — Guillermo Lasso, direita

Guillermo Lasso é presidente do Equador desde sua posse em 2021. Foi presidente executivo do banco equatoriano Guayaquil e disputou as eleições três vezes, saindo vitorioso apenas na última. É membro do Opus Dei e uma de suas posições mais fervorosas é a oposição à legalização do aborto, mesmo em casos de viência sexual ou malformação fetal.

Guiana — Irfaan Ali, esquerda

Irfaan Ali atua desde 2020 como o décimo presidente da Guiana depois da independência conquistada em 1966. A sua eleição foi marcada por uma crise eleitoral, quando a recontagem dos votos foi pedida, demorando mais de cinco meses para que os resultados se tornassem públicos e Irfaan fosse empossado.

Paraguai — Santiago Peña, centro-direita

Pai aos 17 anos e defensor da autointitulada 'família tradicional', Santiago Penã foi eleito o novo presidente do Paraguai no domingo pelo conservador Partido Colorado, no poder há 70 anos (com o único intervalo do governo de Fernando Lugo, eleito em 2008 e destituído em 2012).

Peru — Dina Boluarte, esquerda

Dina Boluarte, de 60 anos, tornou-se a primeira mulher a assumir a Presidência do Peru, depois que Pedro Castillo, um professor e líder sindical, tentou fechar o Congresso, mas acabou destituído e preso no início de dezembro, acusado de tentativa de golpe de Estado após sofrer seu terceiro pedido de impeachment em um ano e quatro meses de governo. Desde então, Boluarte tem enfrentado uma onda de protestos contra seu governo no país.

Suriname — Chan Santokhi, esquerda

Santokhi foi eleito o nono presidente do Suriname em 2020 pelo Partido da Reforma Progressista, que representa a comunidade indiana que vive no país. Ele ocupa a cadeira após 10 anos consecutivos do governo de Dési Bouterse, que comandou o país durante o regime militar entre 1980 e 1987 e voltou ao poder em 2010, eleito.

Uruguai — Luis Lacalle Pou, direita

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, foi eleito em 2019 pelo Partido Nacional, que é reconhecido pelos posicionamentos alinhados à direita e à centro-direita. Pou afirma ser um liberal e diz que quer favorecer os empresários face à "pressão fiscal", além dos planos de privatizar empresas públicas, como a de telecomunicações, Antel.

Venezuela — Nicolás Maduro, esquerda (ditadura)

Nicolás Maduro é o atual presidente da República Bolivariana da Venezuela, estando no cargo desde 2013. Em 2012, como vice-presidente de Hugo Chávez assumiu interinamente a Presidência em razão da enfermidade do presidente eleito. 

Chávez faleceu em 2013 e, após novas eleições, Maduro foi eleito o 57º presidente da Venezuela. Em 2018, foi reeleito em um processo eleitoral controverso e não reconhecido pela oposição e pela comunidade internacional.


Fonte: O GLOBO