Tanto a Rússia quanto a Ucrânia equiparam uma ampla gama de drones civis para lançar granadas de mão, explodir com o impacto ou localizar alvos no campo de batalha

Depois que Moscou foi alvo de uma ataque de drone nesta terça-feira, um assessor do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que Kiev não estava “diretamente envolvida”, mas estava “feliz” com o que viu. Não ficou imediatamente claro quais tipos de drones estavam envolvidos.

A Ucrânia também negou a responsabilidade por um ataque em 3 de maio, ao Kremlin, embora autoridades de inteligência dos EUA tenham dito que uma das unidades militares ou de inteligência da Ucrânia provavelmente orquestrou o ataque. As autoridades americanas acreditam que os dois drones envolvidos foram lançados de uma curta distância, dentro ou perto de Moscou.

Em meio à incerteza sobre ambos os ataques, permanece a questão de saber se Kiev tem drones com alcance capaz de chegar a Moscou a partir do território ucraniano, a uma distância de cerca de 480 km — e, em caso afirmativo, de que tipo.

Em dezembro, drones atingiram duas bases aéreas militares que haviam sido usadas por aviões russos para lançar mísseis contra a Ucrânia. Uma delas, a base de Dyagilevo na cidade de Ryazan, no centro da Rússia, ficava a cerca de 160 km de Moscou. O governo da Ucrânia não reconheceu publicamente um papel nesses ataques.

No outono passado, a fabricante de armas estatal da Ucrânia, Ukroboronprom, disse que estava perto de desenvolver um drone que poderia carregar uma ogiva de 75 kg por mais de 960 km, colocando Moscou bem dentro do alcance, e que havia concluído os testes da arma. A Ucrânia não anunciou o uso de um drone de longo alcance em combate.

Tanto a Rússia quanto a Ucrânia equiparam uma ampla gama de drones civis para lançar granadas de mão, explodir com o impacto ou localizar alvos no campo de batalha. A guerra na Ucrânia viu uma enxurrada de adaptações de pequenos aeromodelos, incluindo quadricópteros com quatro rotores e drones de asa fixa, para localizar alvos de artilharia e lançar granadas.

A Ucrânia também usou um grande drone militar de longo alcance fabricado na Turquia, o Bayraktar TB2, mas sua utilidade é limitada pelos sistemas de defesa aérea russos. Pequenos drones voando em baixas altitudes e ziguezagueando no campo de batalha são mais difíceis de abater.

Tanto a Rússia quanto a Ucrânia usam drones de ataque, uma classe de armas com alcance de alguns quilômetros a algumas dezenas de quilômetros, que zunem sobre o campo de batalha até que um alvo seja encontrado, depois mergulham e explodem. O drone de ataque Lancet, da Rússia, atingiu veículos blindados e peças de artilharia ucranianas. Os Estados Unidos forneceram aos militares ucranianos uma arma semelhante, o drone Switchblade, que mergulha em alvos e se autodestrói.

Drones de ataque construídos à mão são mais comuns nas forças armadas ucranianas, que possuem uma vasta gama. Eles se enquadram em duas grandes categorias: drones que lançam munições e retornam aos seus operadores, e aqueles que voam para um alvo e explodem.

Estes são feitos em oficinas de garagem em um nicho florescente de inovação por soldados e voluntários ucranianos, que experimentam materiais impressos em 3D, explosivos e software personalizado para evitar contramedidas eletrônicas russas.

Entre as armas construídas à mão, os drones de carga pesada de última geração que lançam bombas capazes de destruir veículos blindados podem custar até US$ 20 mil (cerca de R$ 100 mil). Pequenos drones explosivos custam algumas centenas de dólares. O tipo mais comum, uma pequena aeronave com quatro hélices, pode transportar cerca de dois quilos de explosivos por cerca de seis quilômetros.


Fonte: O GLOBO