Autorização para extradição do empresário foi anunciada pelo presidente Lula. Empresário responde por agressão, tortura e ameaça a mulheres

O advogado Márcio Janjacomo, que representa quatro das mulheres vítimas do empresário Thiago Brennand Tavares da Silva Fernandes, teme que ele tenha deixado o país e fugido antes da extradição autorizada pelos Emirados Árabes. Segundo o advogado, Brennand tem recursos para usar aeronaves particulares e continua ativo na internet, acompanhando em detalhes todas as decisões relativas aos processos a que responde no Brasil, assim como a extradição.

A extradição foi confirmada pelo presidente Lula na madrugada deste domingo. O Ministério da Justiça informou que a extradição ainda não tem data marcada.

— Torço para que as instituições funcionem e que em breve, com a autorização da extradição pelos Emirados Árabes, ele seja trazido para o Brasil para responder pelos crimes. Por enquanto o processo de extradição tramita entre governos e não temos acesso a ele — afirma o advogado.

Janjacomo afirmou que a última informação que tem sobre Brennand é que ele estava hospedado . em outubro passado, num hotel de luxo em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, onde chegou a ser preso e foi libertado após pagamento de fiança. Ele teve o passaporte apreendido.

Com a autorização da extradição, explicou, ele deverá ser preso pela polícia dos Emirados Árabes e ser colocado à disposição da Polícia Federal, que deverá ir buscá-lo. Na chegada a São Paulo, deverá ser mantido pela PF e colocado à disposição da polícia, para cumprir prisão preventiva.

— Confiamos que tudo ocorrerá normalmente e que, em breve, ele possa responder à Justiça — diz Janjacomo.

No Brasil, pelo menos três pedidos de revogação de prisão preventiva feitos pela defesa do empresário, segundo Janjacomo, já foram negados.

Thiago Brennand deixou o país no dia 4 de setembro do ano passado com destino a Dubai, mesmo dia em que o Ministério Público de São Paulo ofereceu denúncia à Justiça contra ele por ter agredido a atriz e empresária Helena Gomes em uma academia que funciona dentro de um shopping de luxo na capital paulista. Segundo a denúncia, ele agrediu a atriz depois que ela recusou convite para sair com ele. Na academia, além de empurrá-la, ele chegou a arrancar um tufo de cabelos e a cuspir na jovem.

Janjacomo explica que a prisão preventiva no Brasil se justifica porque houve crime de stalking (perseguição às vítimas) e ameaças de divulgação de vídeos íntimos

— As provas são contundentes de que vídeos íntimos foram usados para ameaçar as vítimas — afirma.

Antes de deixar o Brasil, o empresário teria mandado mensagem de celular para uma das vítimas. Uma estudante de medicina que ele conheceu num restaurante em São Paulo e que afirma ter sido estuprada. Ela acredita ter sido dopada por ele. Na mensagem, o empresário teria pedido que ela prestasse depoimento a favor dele, o que foi negado. Foragido, Brennand também teria mandado e-mails com intimidações a uma promotora.

Uma terceira vítima do empresário é uma jovem que foi levada pelo empresário a um condomínio em Porto Feliz, onde ele morava, onde teria sido agredida, mantida em cárcere privado e obrigada a fazer uma tatuagem com as iniciais do empresário.

Depois da divulgação da agressão na academia, pelo menos 15 mulheres procuraram o Ministério Público de São Paulo para denunciar abusos, estupro e ameaças feitas pelo empresário.


Fonte: O GLOBO