Os documentos judiciais apontam que várias páginas do produto de Tonmai, de 26 anos, visavam a zombar do rei, o que é considerado crime na Tailândia

Um jovem de 26 anos foi condenado a dois anos de prisão na Tailândia por ter vendido calendários com desenhos de patos, no que foi entendido pelas autoridades como uma forma de "zombar" do rei.

Segundo a agência de notícias AFP, patos amarelos tornaram-se um símbolo dos protestos pela democracia no país. Por isso, a comercialização das imagens foi considerada um insulto à monarquia.

Identificado apenas como Tonmai, o jovem a princípio tinha recebido uma sentença de três anos, mas que foi reduzida para dois. Ele recorreu à decisão judicial e pagou cerca de 70 mil baht (R$ 10,4 mil) pela fiança, informou o jornal The Guardian.

Tonmai foi preso em 31 de dezembro de 2020. Na ocasião, policiais entraram em sua casa e apreenderam os calendários de mesa com os desenhos de patos amarelos. De acordo com a investigação, o jovem vendia seus produtos por meio de um grupo voltado para defensores da democracia no Facebook.

Os documentos judiciais apontam que várias páginas do produto de Tonmai visavam a zombar do rei. O calendário incluía imagens de um pato ao lado de cachorros, outro pato voando num avião VIP, e mais um com uma camisinha em volta da cabeça.

Segundo a defesa do jovem, ele não foi o responsável pela criação do design dos calendários, mas teria apenas atuado em sua distribuição. Além disso, argumentou que os patos não eram uma representação do rei.

Acusadas de insultar o rei completam 50 dias de greve de fome

Duas jovens militantes tailandesas acusadas de crime de lesa-majestade completaram, nesta quarta-feira (8), 50 dias de greve de fome para pedir o fim desta tipificação penal, punida com duras sentenças no reino.

Elas cumprem a greve em meio a certa indiferença algumas semanas antes das eleições legislativas na Tailândia.

As duas jovens, que em caso de condenação podem passar vários anos na prisão, começaram a greve em 18 de janeiro e estão atualmente em um hospital de Bangkok, onde recebem soro, segundo o advogado Krisadang Nootjaras, do grupo de defesa dos direitos humanos TLHR.

Tantawan Tuatulanon, 21 anos, e Orawan Phupong, 23, foram acusadas de insultar o rei Maha Vajiralongkorn e sua família durante duas manifestações na capital tailandesa em 2022, segundo o TLHR.

Mais de 200 manifestantes acusados de lesa-majestade

Assim com as duas, mais de 200 manifestantes foram acusados de crimes de lesa-majestade desde os grandes protestos de 2020 que pediam uma reforma profunda da monarquia, uma questão tabu no país em que o rei tem status quase divino.

O protesto das jovens está voltado para as eleições nacionais previstas para maio, nas quais o primeiro-ministro Prayut Chan-O-Cha disputará a reeleição, mas nenhum partido de oposição expressou apoio às jovens.


Fonte: O GLOBO