Policiais de choque e membros da Guarda Nacional chegaram a entrar em confronto com os imigrantes, que ocupavam as tendas desde o final de outubro

Cerca de 400 migrantes venezuelanos foram despejados no domingo do acampamento que montaram às margens do Rio Grande, na Ciudad Juárez, no México, na fronteira com os Estados Unidos. Dezenas de policiais de choque e membros da Guarda Nacional participaram da operação, e chegaram a entrar em confronto com os imigrantes, que ocupavam as tendas desde o final de outubro.

— Eles vieram com um megafone dizendo que tínhamos que sair e depois derrubaram as barracas de alguns colegas — disse à AFP Michael, um dos imigrantes do país sul-americano.

O governo local argumentou que a operação é uma resposta a um parecer elaborado pela Proteção Civil, que alertou para o risco de incêndio devido às fogueiras que os imigrantes acendem perto das suas tendas de plástico, para se aquecer devido às baixas temperaturas.

Em comunicado, o governo de Ciudad Juárez afirmou que "cerca de 500 migrantes foram transferidos para os diferentes abrigos da cidade", mas o escritório local do Conselho Estadual de População disse à AFP que apenas 70 aceitaram ir para dois abrigos. O restante foi para hotéis e alguns se mudaram para outras partes da cidade.

O número de venezuelanos, cubanos ou nicaraguenses que tentam cruzar a fronteira terrestre dos Estados Unidos aumentou 149% em relação a outubro de 2021. Entre 1º de outubro de 2021 e 31 de agosto deste ano, cerca de 2,5 milhões de pessoas que entraram nos Estados Unidos de forma irregular foram detidas, segundo dados oficiais.

Há 15 dias, o juiz federal americano Emmet Sullivan decidiu que o polêmico Título 42, adotado pelo governo de Donald Trump supostamente como uma medida contra a Covid, foi usado contra migrantes de maneira "arbitrária e caprichosa" para bloquear seus pedidos de asilo. A medida permitia ao governo proibir a entrada de pessoas nos EUA quando o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) constatasse que há “um sério perigo de uma nova doença ser introduzida” no país.

A pedido do Departamento de Segurança Interna (DHS), o juiz deu ao governo de Joe Biden, que já havia afrouxado a medida, cinco semanas para se preparar para uma temida avalanche de migrantes, a grande maioria latino-americanos. A decisão entrará em vigor no dia 21 de dezembro à meia-noite.

Dsde 2015, mais de 6,8 milhões de venezuelanos deixaram o país, segundo a ONU, rumo, principalmente, a outros países sul-americanos. Mas o agravamento da instabilidade econômica em toda a região levou aqueles que já haviam conseguido se estabelecer financeiramente em países como Colômbia e Equador a tentar a sorte nos EUA. Não por acaso, o número de venezuelanos apreendidos na fronteira Sul dos EUA bateu níveis recordes nos últimos meses.


Fonte: O GLOBO