Presidente se reunirá com representantes de 35 denominações evangélicas, segundo aliados
Porto Velho, RO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgará nesta quarta-feira (19) uma carta ao eleitor evangélico, segmento resistente ao petista e que é uma das apostas da campanha de Jair Bolsonaro (PL). No documento, ele reafirmará compromisso com a liberdade religiosa.
O gesto, apontado como simbólico, acontecerá durante encontro com ao menos 140 líderes evangélicos, representando 35 denominações religiosas.
Ainda segundo organizadores, 20% dos participantes são da Assembleia de Deus. A iniciativa é uma resposta à disseminação de notícias falsas —como ameaça de fechamento de igrejas e instalação de banheiros unissex em escolas públicas.
Segundo aliados, Lula resistia à ideia, apostando no reconhecimento de que foi ele quem sancionou a lei que permite a livre criação de igrejas no país. Nos discursos, Lula também costuma lembrar que nunca uma igreja foi fechada durante os governos petistas.
Apesar da resistência de uma ala da coordenação, Lula foi convencido sobre a necessidade de divulgar uma mensagem ao segmento evangélico. Segundo aliados, o resultado do primeiro turno, com vantagem mais apertada sobre Bolsonaro do que a prevista, pesou para a decisão.
Na primeira semana do segundo turno, integrantes da coordenação da campanha procuraram o pastor Ariovaldo Ramos, fundador e coordenador da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, para quem está subestimada a participação dos evangélicos no eleitorado brasileiro.
Segundo Ariovaldo, coordenadores da campanha gostariam de saber se, na opinião dele, essa rejeição teria colaborado para frustrar a expectativa de vitória de Lula no primeiro turno. O pastor disse que sim e elencou pontos que, embora alimentados por notícias falsas, despertam inquietação no eleitor evangélico.
Entre os temas estão a legalização do aborto, fechamentos de templos e aparelhamento de escolas.
Desde a semana passada, Lula tem participado de agenda ao lado de representantes religiosos. Na segunda-feira, foram fiéis da Igreja Católica.
Nos últimos dois dias, foi organizado o encontro com os evangélicos, em um esforço conjunto com religiosos dos partidos que integram a frente de apoio a Lula.
Evangélica, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirma que o encontro foi organizado pela coordenação da campanha de Lula. Para ela, a carta só reafirma compromissos já assumidos pelo ex-presidente. "O evangélico sabe que Lula nunca fechou uma igreja. O evangélico sabe que o Estado é laico", diz.
Nesta terça-feira (18), em entrevista ao podcast Flow, Lula reclamou da disseminação de mentiras por parte dos adversários, inclusive dentro de igrejas.
"A questão que ele fala todo dia: 'Ah, o Lula vai fazer banheiro unissex'. Já ouviu falar isso, né? Eu acho que você não acredita nisso. É absurdo. Os caras não têm respeito."
Fonte: Folha de São Paulo
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