Foto: Alberto César Araújo / Aleam
Nesta quinta-feira (14/11), o auditório Senador João Bosco, da Escola do Legislativo Senador José Lindoso, foi palco de uma cerimônia repleta de significados e simbolismos. A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) outorgou o VI Prêmio Nestor Nascimento, que reconhece personalidades e movimentos destacados na luta pela igualdade racial no Estado. O prêmio, que se tornou parte dos eventos permanentes da Aleam, a partir de 2022, celebra a resistência, a cultura e a contribuição histórica da população negra no Amazonas.
O Prêmio Nestor Nascimento homenageia anualmente aqueles que promovem a igualdade racial, reconhecendo ações locais e regionais que fomentam o respeito, a visibilidade e a valorização da cultura afro-brasileira.
Instituído pela Resolução Legislativa nº 914 de 2022, por iniciativa da ex-deputada Therezinha Ruiz, o prêmio é uma homenagem ao ativista e advogado amazonense Nestor Nascimento, conhecido por sua luta contra o racismo e defesa dos direitos humanos.
De acordo com o presidente da Aleam, deputado estadual Roberto Cidade (UB), a Casa Legislativa cumpre seu papel social ao prestar homenagem a personalidades e instituições que trabalham, com a educação em prol do Movimento Negro, e também em reconhecer seus trabalhos na questão da igualdade social. “O prêmio valoriza a contribuição da população negra e a importância de se combater as desigualdades em nossa sociedade. Parabéns a todos!”, enfatizou.
O diretor da Escola do Legislativo, professor Jander Lasmar, falou sobre o papel exercido pela Escola ao aproveitar a visibilidade exercida pela Assembleia Legislativa para dar voz a esses movimentos que, muitas vezes, são deixados de lado.
“A Escola tem esse papel social a ser cumprido, de educar os servidores públicos estaduais e a sociedade em geral, além de dar visibilidade a esses movimentos”, afirmou.
“Acredito que a educação pode, sim, transformar vidas. Enquanto educadora, assumo a dimensão política, ética e estética da prática do saber comprometida com a diversidade de todas as existências e das experiências sociais que foram historicamente apagadas pelo colonialismo”, declarou Tereza de Jesus Santos, vencedora da categoria “Promoção de atividades afro-culturais e educativas”.
A vencedora da categoria “Feminismo Negro”, Silvana Barreto Oriente, explicou que seu trabalho desenvolvido na universidade e na Secretaria de Educação são os motivos da premiação.
“Um dos motivos pelo qual eu estou aqui é fruto de um trabalho que eu tenho desenvolvido na academia e na Secretaria de Educação, porque eu sou uma educadora estimulada pelas inúmeras experiências de violência sofrida durante toda a educação básica”, declarou.
“Ao chegar na graduação e me deparar com alguns autores intelectuais pretos e pretas, eu entendi que poderia, como educadora, pensar em possibilidades para que as meninas, mulheres pretas, indígenas das nossas escolas estaduais amazonenses pudessem entender, reconhecer e valorizar a sua identidade ou as suas identidades”, completou Silvana.
O Prêmio Nestor Nascimento representa uma conquista simbólica e prática na valorização da cultura negra no Amazonas. Ele relembra a importância da resistência e da mobilização coletiva como forças propulsoras de mudanças sociais. A honraria enfatiza a necessidade de resgatar e valorizar as contribuições históricas da população negra e de combater as desigualdades que ainda persistem.
PremiaçãoA premiação distribuiu homenagens em diversas categorias, cada uma delas destacando um aspecto essencial na luta contra o racismo e na promoção da cultura negra:
– Preservação da fé nas religiões de Matriz Africana e combate à intolerância religiosa: Maria Orny de Miranda Palheta foi reconhecida por seu compromisso com a preservação e proteção das religiões de matriz africana, que enfrentam persistentes desafios no combate à intolerância religiosa.
– Feminismo negro: Silvana Barreto Oriente recebeu a honraria por sua atuação no feminismo negro, promovendo o empoderamento das mulheres negras e fortalecendo o movimento de igualdade de gênero e raça.
– Respeito, visibilidade, resgate histórico e luta contra o racismo: Susana Cláudia de Freitas e a Associação de Capoeira Arte e Revelação foram reconhecidas pela promoção de valores fundamentais para a luta antirracista e o resgate das tradições culturais afro-brasileiras.
– Promoção de atividades afro-culturais e educativas: Tereza de Jesus Santos foi homenageada por seu trabalho em atividades culturais e educacionais que valorizam a herança afro-amazonense e incentivam a participação negra nas artes e na educação.
– Fomento do protagonismo negro: O movimento cultural antirracista “O Grito da Periferia” foi celebrado pela criação de um espaço de resistência e protagonismo negro, promovendo o fortalecimento da identidade racial e da expressão cultural periférica.
– Produção acadêmica, literária e estudos sobre a presença negra no Amazonas: Elizangela de Almeida Silva foi premiada por sua contribuição acadêmica e literária, promovendo a pesquisa e o reconhecimento da presença negra no Estado.
– Promoção da saúde integral da população negra: Raniele Alana foi homenageada por suas ações para reduzir as desigualdades étnico-raciais e combater o racismo nas instituições de saúde, garantindo atendimento igualitário e digno à população negra.
– Prêmio especial pela contribuição social e histórica do trabalho: Keila Sankofa recebeu o prêmio especial, em reconhecimento ao seu trabalho em prol da inclusão social e preservação da memória histórica negra no Amazonas.
Menções Honrosas
A cerimônia também concedeu menções honrosas a figuras e coletivos que desempenham papéis significativos na promoção da cultura afro-brasileira e na luta contra a discriminação racial:
– Babalorisà Manoel de Xangô, por sua dedicação à preservação das religiões de matriz africana.
– Lucius Gonçalves, pelo comprometimento com a promoção da igualdade racial.
– Ponto de Cultura e Coletivo Cocada Baré, por suas atividades culturais que visam a valorização da identidade afro-amazonense.
– Maria de Nazaré Spencer, por sua atuação em prol dos direitos e da visibilidade da população negra.
Fonte: ALE/AM
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