Gabinete do primeiro-ministro comunicou que ele não respondeu à proposta de cessar-fogo apresentada por EUA e França na quarta, sobre um cessar-fogo de 21 dias

Premier de Israel, Benjamin Netanyahu, durante discurso no Congresso dos EUA — Foto: ROBERTO SCHMIDT / AFP

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, recomendou nesta quinta-feira que o Exército do país continue a combater com "força total" no Líbano, um dia após aliados ocidentais pressionarem por um cessar-fogo de 21 dias na guerra no norte. Novos bombardeios israelenses fizeram vítimas em território libanês entre a noite de quarta-feira e a manhã desta quinta, enquanto o Hezbollah disparou novos foguetes contra o Estado judeu.

"A notícia sobre um cessar-fogo é incorreta. Esta é uma proposta franco-americana, para a qual o primeiro-ministro sequer respondeu", informou o Gabinete de Netanyahu em um comunicado nesta quinta, antes do discurso do líder israelense na Assembleia Geral da ONU. "A notícia sobre uma suposta diretiva para moderar a luta no norte é também o oposto da verdade. O premier instruiu que [as Forças Armadas de Israel] continuem a lutar com força total, e em acordo com os planos apresentados a ele".

Washington e Paris propuseram a criação de uma janela de 21 dias para tentar uma saída negociada para a crise na fronteira entre Líbano e Israel, durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira. A proposta acendeu esperanças de uma desescalada da violência, que deslocou milhares de pessoas nos dois países e vem aumentando o número de vítimas. Os EUA, embora se posicionem a favor de uma via diplomática, reiteram constantemente o direito de defesa de Israel.

Em uma publicação separada, nas redes sociais, o ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, foi mais expresso sobre a rejeição à proposta, afirmando que não haverá um cessar-fogo com o Hezbollah.

"Não haverá cessar-fogo no norte. Nós vamos continuar lutando contra a organização terrorista Hezbollah com toda a nossa força até a vitória e o retorno seguro dos moradores do norte para suas casas", escreveu Katz na rede social X.

A discussão ocorreu em um momento em que Israel dava sinais de aprofundamento do conflito. Unidades de reservistas foram convocadas e enviadas ao norte na quarta-feira, enquanto líderes militares pediram prontidão para uma eventual operação terrestre israelense contra o sul do Líbano. Embora a invasão não tenha se efetivado até este momento, novas ofensivas foram realizadas entre quarta e quinta-feira.

Pela manhã, as FDI afirmaram ter destruído infraestruturas utilizadas pelo Hezbollah na fronteira com a Síria, em um dos ataques em maior profundidade contra o território libanês. Ao menos 75 alvos foram atingidos em todo o país, ainda de acordo com os militares, e 23 pessoas morreram em um dos ataques, contra um prédio na cidade de Younine. De acordo com o relato da agência Reuters, todas as vítimas eram sírias, a maioria mulheres.

O Hezbollah também disparou novos ataques. Ao menos 57 projéteis foram lançados contra o território de Israel, com as Forças Armadas israelenses confirmando o abate de foguetes perto da cidade de Kiryat Shmona. O movimento libanês disse ter mirado um complexo militar em Haifa, principal cidade no norte do país.

"Na defesa do Líbano e do seu povo, o Hezbollah atacou os complexos industriais militares do grupo Rafael (...) com uma série de foguetes", afirmou o movimento libanês em um comunicado. (Com AFP)


Fonte: O GLOBO