Inflação anual na Argentina ainda está na casa de mais de 200% — Foto: Bloomberg
O governo do presidente argentino, Javier Milei, não assumiu nenhuma responsabilidade pelo aumento da pobreza no país, que chegou a 52,9% da população, disse um porta-voz da Presidência nesta sexta-feira, que culpou o "populismo" de governos anteriores. A taxa, referente ao primeiro semestre de 2024, representa um crescimento de 11,2 pontos percentuais em comparação com o mesmo período no ano passado, segundo o instituto estatal de estatísticas argentino. O índice de indigência, quando uma pessoa vive com menos do mínimo para suprir suas necessidades básicas, também subiu 6,2 pontos em um ano, chegando a 18,1%.
— É a consequência de 20 anos de populismo e destruição (...) assumimos o desastre e estamos corrigindo-o — disse o porta-voz da Casa Rosada, Manuel Adorni, em uma coletiva de imprensa, após ser questionado sobre os indicadores.
Segundo Adorni, dados não divulgados do Ministério do Capital Humano apontam que a pobreza atingiu “picos máximos de quase 55% no primeiro trimestre”, o que significaria, na realidade, uma redução no trimestre seguinte.
— Estávamos saindo do abismo — disse ele, minimizando o impacto social das medidas de ajuste fiscal do governo.
Nos primeiros três meses do ano, a Argentina registrou um superávit fiscal de 0,4% do Produto Interno Bruto, embora à custa de uma contração que fez com que o PIB caísse 1,7% no segundo trimestre em comparação com o anterior, aprofundando a recessão e o desemprego.
Perguntado se os números da pobreza calibrarão as medidas futuras, Adorni enfatizou que “o grande ajuste já foi feito”.
— Hoje, esse ajuste será muito mais cirúrgico, área por área — explicou, esclarecendo que, para o governo, “a motosserra não tem fim”.
A motosserra foi um símbolo da campanha eleitoral de Milei para promover sua política de rigor fiscal.
— Tudo o que pudermos cortar, cortaremos até o último dia de nosso governo — enfatizou Adorni.
Milei chegou ao poder em dezembro de 2023 com um índice de popularidade muito alto, mas que começou a cair nos últimos tempos. O índice de confiança no governo está em 2,16 pontos em uma escala de 0 a 5, o nível mais baixo até agora, de acordo com um estudo da Universidade Torcuato Di Tella.
Fonte: O GLOBO
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