Depois de momentos turbulentos, solução caseira surte efeito

O Vasco obteve uma excelente vitória sobre o Internacional, por 2 a 1, ontem, pelo Brasileirão, e chegou ao terceiro jogo invicto sob o comando do técnico interino Rafael Paiva. Apesar da postura conservadora —a equipe sofreu para segurar a pressão dos donos da casa na volta ao Beira-Rio —, os cariocas contaram com falha de Robert Renan para construir a vitória.

Adson abriu o placar, já no segundo tempo, depois do erro do zagueiro. O jovem Lyncon ampliou, em jogada que começou em um escanteio. Bustos diminuiu e por pouco Robert Renan não empatou. Foi o primeiro resultado positivo do Vasco como visitante, depois de seis partidas fora de casa.

— Fico feliz não só pelo gol, mas pelo bom desempenho que a equipe teve. A gente sabia da dificuldade do jogo, fizemos o que o professor pediu, e levamos mais três pontos — comemorou Adson.

Os pontos afastam ainda mais o Vasco da zona de rebaixamento e já deixam o time no meio de tabela, na décima terceira posição, com 17 pontos. No meio da semana, a equipe encara o Corinthians em São Januário. A expectativa é por uma mobilização ainda maior da torcida, diante da virada de chave.

Tempo de mudanças

Depois de uma queda livre, primeiro com o técnico argentino Ramón Díaz e depois com o português Álvaro Pacheco, foi na base, com o interino Rafael Paiva, que veio a solução. A troca de treinador se deu em meio a mudanças de comando também no clube, feitas pelo presidente Pedrinho, que trouxe o ex-jogador Felipe para ser diretor técnico e sustentou a aposta de Paiva em pratas da casa.

O Vasco entrou em campo com uma postura de time que não queria perder. Com desfalques importantes, como Payet e Guilherme Estrella, o técnico apostou em uma equipe rápida na transição, com Vegetti como referência. No meio, Matheus Carvalho e JP fizeram boa partida. Com as mexidas no segundo tempo, Rayan deu boa sustentação ofensiva após Vegetti se cansar.

Na prática, porém, a maior intensidade do Internacional sufocou as pretensões vascaínas desde o princípio. Ao insistir em bolas esticadas para o centroavante, o time carioca foi pressionado em seu campo, e quando tentava sair, entregava a bola ao adversário.

O Inter, por sua vez, não teve competência para transformar o maior domínio e posse de bola em chances claras. Elas só apareceram a partir do segundo tempo, com Alan Patrick e Hyoran. Pouco depois, porém, o roteiro do jogo teve um giro de 180 graus. E o Vasco demonstrou rara maturidade.

Substituto de Renê, que saiu de campo de ambulância após uma pancada na cabeça, Robert Renan tentou dominar a bola no campo de defesa, escorregou, e Adson se aproveitou, tocando com categoria no canto do goleiro, aos 15 minutos. O atacante, que voltou a ter espaço depois de quase ser negociado, cresce jogo após jogo como um dos elementos de intensidade e desafogo.

Frustrado, o Inter caiu ainda mais de produção e não conseguiu reagir de imediato. O Vasco se aproveitou do melhor momento e ampliou. Em cobrança de escanteio, Vegetti desviou, o goleiro deu rebote, e Lyncon completou para o gol.

A parte final do jogo ganhou em emoção. O Inter tentou reagir e foi com tudo para o ataque. Bruno Gomes achou belo lançamento para Bustos, Léo falhou, e o argentino estufou a rede, aos 34 minutos. Nos momentos finais, o Vasco tentou novamente suportar a pressão, e conseguiu, apesar do sufoco nos acréscimos, em que a equipe carioca jogou mais com o coração.


Fonte: O GLOBO