Equipe feminina usará nesta quarta-feira, em treino aberto, um modelo com a mascote Ginga em destaque

Uma das surpresas mais aguardadas sobre a equipe feminina de ginástica artística é revelada aqui, com exclusividade: os collants para os Jogos de Paris. Nesta quarta-feira, a equipe feminina de ginastica do Brasil fará treino aberto no Complexo Gymnique, em Troyes, a 160km de Paris, onde fazem aclimatação, e o primeiro modelo será conhecido. Trata-se de um collant em homenagem ao Time Brasil.

— A inspiração para este modelo tem ligação com o fato de que muitas crianças acompanham a modalidade. E as crianças se identificam com a mascote, traz engajamento e representa o nosso Time Brasil. Quando eu era mais jovem, eu sempre quis ter um collant com bonecos, personagens – conta Jade, a atleta que desenha os collants para a seleção brasileira. — Também tem uma inspiração nos collants das universidades americanas que geralmente estampam suas mascotes.

Collant Paris-2024: modelo da ginástica artística tem mascote em destaque — Foto: Divulgação CBG

Croqui: desenho do collant da ginástica artística foi feito por Jade — Foto: Divulgação CBG

O Ginga, que é a mascote do Time Brasil, é uma onça pintada e está em destaque neste primeiro modelo de collants que o Brasil usará na França. A cabeça da onça aparece bordada com cristais Swarovski na parte superior do uniforme. Jade usou as cores branca e azul para esta opção.

Ela explica que esse collant é de treino. Ou seja, não será usado durante a competição dos Jogos Olímpicos. No total, em Paris-2024, elas usarão onze modelos: cinco para treinos e seis de competição. Os modelos de competição têm uma cor única, que remete às cores do Brasil. 

Apenas um deles é preto no fundo, com as cores do país nos detalhes. Outro modelo foi pensado para combinar com a identidade visual do ginásio, que está com o tom roxo. São as atletas que escolhem qual modelo será usado em cada uma das ocasiões. Todas opinam.

Jade é quem cria os modelos dos collants do Brasil mas todas as atletas da seleção opinam — Foto: Divulgação CBG

Treino de pódio

Já aconteceu, porém, de um modelo de treino ser reaproveitado em uma competição. Na estreia nos Jogos Pan-americanos de Santiago-2023, quando a seleção brasileira conquistou a medalha de prata por equipes, as meninas usaram um modelo retrô, azul marinho e com pedrarias amarelas. No peito, escrito Brasil. Elas quiseram que este modelo fosse usado em uma competição, uma vez que na Antuérpia ele havia sido usado no treino de pódio.

Jade e o modelo retrô, em homenagem às ginastas o Brasil — Foto: Ricardo Bufolin/CBG

E para o treino de pódio de Paris-2024, primeiro compromisso oficial, já no ginásio de competição, as atletas também terão um modelo retrô, que remete aos anos 70, época de ouro de Nadia Comaneci. O modelo de cor verde escuro lembra os da romena. Mas também é um resgate da história da ginástica do Brasil, uma homenagem às atletas de gerações anteriores.

— A ideia é homenagear as equipes do Brasil que desbravaram o esporte, que já passaram por aqui. Essas conquistas anteriores representam a construção da ginástica ao longo dos anos. É um modelo que vem sendo usado desde os Jogos de Tóquio-2020, com o mesmo design, mas com cores diferentes – revela Jade, que optou pelo verde por causa da referência brasileira.

Desde 2018, a Confederação Brasileira de Ginástica tem parceria com a americana Ozone e, desde 2022, as atletas passaram a incrementar os modelitos, podendo personalizá-los. A cada ano a seleção feminina lança um conjunto de collants, cerca de seis peças para torneios e outros para treinamento.

Jade, que está em seu quinto ciclo olímpico e em grande fase, é quem desenha os modelos, mas diz que sempre compartilha suas ideias com as companheiras de seleção. Ela disse ainda que as atletas dão preferência para o design e não para a quantidade de cristais aplicados.

— Fazer os collants para a seleção e ver que os modelos caminham com a gente, construindo uma história com gente é muito emocionante — diz Jade. — Nunca pensei que a gente teria isso. Porque na minha uma época não havia dinheiro.

Jade Barbosa desenha os collants — Foto: Ricardo Bufolin/CBG/Divulgação

Jade conta que, mais jovem e ao lado do pai, iniciou uma empresa de roupas de ginástica para confeccionar seus uniformes para a ginástica porque não tinham modelos no Brasil. Ela sempre gostou de ajudar na criação dos collants.

Os modelos de Tóquio-2020, Jogos Olímpicos nos quais Rebeca Andrade se consagrou, foram guardados pela ginasta que não os usou mais. São como troféus:

— Os que eu usei nos Jogos de Tóquio estão guardados a sete chaves e eu vou enquadrá-los. Ficarão junto com as onze medalhas que tenho (de Mundial e Olimpíada) e que pretendo colocar em caixas de acrílico quando me mudar. Farei um quarto da minha história — disse Rebeca.

Já o modelo da final por equipes do Mundial de 2023, em que o Brasil conquistou uma prata inédita e a vaga para Paris-2024, vai ser guardado por todas elas e não entrará mais no ginásio. O modelo é preto e de veludo, também com um toque retrô. Segundo Jade, foi muito usado na época da Daiane dos Santos e Daniele Hypolito.

Seleção brasileira conquista medalha de prata no mundial de ginástica artística — Foto: Ricardo Bufolin/CBG


Fonte: O GLOBO