Em meio a jogos com maior clima de tensão, o nervosismo pode atingir árbitros e influenciar partidas
Botafogo e Palmeiras vão protagonizar o duelo da rodada nesta quarta-feira. Líder e vice-líder do Campeonato Brasileiro repetem confronto que marcou a temporada passada das duas equipes, quando o Palmeiras conseguiu virar um placar de 3 a 0 e tomou a liderança do alvinegro para decolar rumo ao título.
Dessa vez, além da disputa esportiva, as equipes criaram um ambiente de rivalidade até fora de campo, com a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e o dono da SAF do Botafogo, John Textor, trocando farpas publicamente. Com a torcida alvinegra apoiando, espera-se um confronto muito duro entre duas equipes conhecidas pelo vigor físico.
Em meio a esse clima de final, sobrará para Anderson Daronco controlar os ânimos de 22 atletas que farão de tudo para sair com a vitória nas mãos. Como esse contexto pode afetar na arbitragem e, consequentemente no jogo? O GLOBO perguntou a ex-árbitros.
Para o comentarista de arbitragem, Sálvio Spínola, a maioria dos jogos "se apitam", ou seja, não são necessárias intervenções claras da arbitragem em lances primordiais, devido à forma com que as equipes conduzem a partida dentro de campo.
— Já apitei quase 900 jogos profissionais e normalmente eles se apitam sozinhos. Apitei o Cruzeiro de 2003. Era ir para o campo e deixar eles resolverem. Não tinha grandes decisões para tomar. É muito comum o jogo não apresentar grande dificuldade, ainda assim ele tem que estar preparado para tomar alguma decisão de última hora — concluiu, Spínola.
Para o comentarista de arbitragem, Sálvio Spínola, a maioria dos jogos "se apitam", ou seja, não são necessárias intervenções claras da arbitragem em lances primordiais, devido à forma com que as equipes conduzem a partida dentro de campo.
— Já apitei quase 900 jogos profissionais e normalmente eles se apitam sozinhos. Apitei o Cruzeiro de 2003. Era ir para o campo e deixar eles resolverem. Não tinha grandes decisões para tomar. É muito comum o jogo não apresentar grande dificuldade, ainda assim ele tem que estar preparado para tomar alguma decisão de última hora — concluiu, Spínola.
John Textor, dono da SAF do Botafogo, e Leila Pereira, presidente do Palmeiras — Foto: Vitor Silva/Botafogo; Jefferson Rudy/Agência Senado
Mas ele ressalta que grandes jogos podem, sim, mexer com os profissionais, caso estes não estejam tecnicamente preparados. Por esse motivo, são alocadas equipes mais experientes de arbitragem para jogos de maior mobilização.
— Um árbitro novo vai ser muito mais submetido à pressão do que o formado há anos. Ainda assim, a fase do arbitro conta mais do que a pressão sofrida em si. Por esse motivo, somente os mais experientes são escalados para esses duelos— disse o ex-árbitro, que complementa: — O ambiente de pressão depende da formação do árbitro. E é obvio que a Comissão (de arbitragem da CBF) vai botar o mais experiente para apitar um Botafogo x Palmeiras. Ele (Anderson Daronco) vai sofrer zero. Isso porque ele já passou por todas essas situações — concluiu Spínola.
Ainda que a escolha tenha sido feita de acordo com o gabarito do árbitro, erros podem ser cometidos. O membro da comissão de Arbitragem da CBF, Ricardo Marques, acredita que, dependendo da falha, ela deveria ser vista assim como as ações erradas de jogo: aceitável como margem de erro.
— Se cobra muito que o árbitro seja perfeito, mesmo num esporte que não é. Um time com melhor investimento perde para um time com menos investimento, isso pode acontecer. É uma contradição esperar que o árbitro não erre no futebol, assim como os times — concluiu o ex-árbitro.
Mesmo que um árbitro não deva se envolver com o clima de um jogo, Marques afirma que o profissional tem que estar ciente do contexto de um duelo, da rivalidade que o cerca, para se prevenir de erros.
— O árbitro tem que estar ciente, mas na hora do campo não pode se deixar levar. É importante entender a técnica, se tem jogador mais faltoso, mais indisciplinado, alguém que cometa mais faltas. Ele tem que fazer um raio-x das equipes — contou Marques, que prosseguiu: — O árbitro é um mediador. Essa questão de polêmicas fora de campo ficam a cargo dos dirigentes, da imprensa. Entender o momento em que estão na competição é importante mas não deve afetar diretamente a autoridade do campo. O jogador pode ser influenciado pelo ambiente externo, mas o arbitro, não.
Fonte: O GLOBO
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