Investigações apontaram que o CNPJ de uma unidade da rede de salões de beleza já havia sido alterado na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e continha o registro de atividade veterinária.

A mãe de Djidja Cardoso, a empresária Cleusimar Cardoso, pretendia abrir uma clínica veterinária para facilitar a compra do anestésico cetamina usado pela família, informou o delegado Cícero Túlio, que conduz a investigação sobre o grupo "Pai, Mãe, Vida". A ex-sinhazinha, a mãe e o irmão, Ademar Cardoso, lideravam esse grupo que fazia o uso indiscriminado da substância para alcançar uma falsa plenitude espiritual.

Na quinta-feira (6), o g1 já havia informado que a família Cardoso alterou o CNPJ de uma das unidades do salão de beleza "Belle Femme". A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) da unidade sofreu alteração para o incluir o registro de atividade veterinária.

Em entrevista, na segunda (10), o delegado Cícero Túlio confirmou a informação e revelou novos detalhes. Ele informou que em conversas encontradas no celular de Cleusimar Cardoso, ela menciona o interesse em abrir a clínica, o que facilitaria a compra da droga sintética de uso humano e veterinário.

"A gente conseguiu identificar de que ela pretendia abrir uma clínica veterinária, sobretudo, para facilitar o acesso e compra a esse tipo de medicação, que é uma medicação controlada", destacou o delegado do 1° Distrito Integrado de Polícia.

O uso contínuo de cetamina havia se tornado rotina na família da empresária Djidja Cardoso, que tem a morte investigada por suspeita de overdose da droga em Manaus. A substância era usada durante os rituais do grupo religioso organizado pela ex-sinhazinha ao lado da mãe e do irmão.

O fármaco é considerado um anestésico dissociativo, isto é, que causa efeitos alucinógenos, sensação de bem-estar e tem potencial sedativo quando usado como droga recreativa. A cetamina é uma droga que se tornou ilícita na década de 1980.

Entenda como funcionava o grupo religioso

Segundo a Polícia Civil, o caso estava sendo investigado há 40 dias, e Djidja Cardoso também fazia parte do esquema.

O grupo, que envolvia também a mãe da ex-sinhazinha, Cleusimar Cardoso, e o irmão dela, Ademar Cardoso - ambos presos desde o dia 30 de maio - realizava rituais em que promoviam o uso indiscriminado de cetamina, droga sintética de uso humano e veterinário.

Mãe costumava gravar vídeos da ex-sinhazinha e irmão sob efeito de cetamina em Manaus

Além da cetamina, um novo desdobramento das investigações apontou que o grupo também utilizava anabolizantes e outras drogas. Ao todo, 10 pessoas estão presas por ligação com o esquema.

De acordo com a polícia, as evidências apontam que os rituais eram realizados dentro dos salões de beleza e na residência da família. Nos locais foram encontrados ampolas de cetamina, dezenas de seringas e agulhas.

Em publicações nas redes sociais, o irmão da ex-sinhazinha se apresentava como um tipo de "guru" que poderia ajudar as pessoas a "sair da Matrix", que seria ir para o "plano superior" citado pelo grupo. Ademar e a mãe também possuem o nome do grupo tatuado no corpo.

Causa da morte de Djidja

Djidja, que por cinco anos foi uma das estrelas do Festival de Parintins, foi encontrada morta no último dia 28 de maio. O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) aponta que a morte da ex-sinhazinha foi causada por um edema cerebral que afetou o funcionamento do coração e da respiração.

O laudo, no entanto, não aponta o que teria levado Djidja ao quadro.

A principal hipótese da polícia é de que a morte da ex-sinhazinha tenha relação com uma overdose de cetamina. O resultado final da necrópsia e o exame toxicológico devem ficar prontos ainda este mês.

Fonte: G1