Deputado federal Pedro Paulo é o favorito no PSD à vice do antigo aliado, mas posto ainda é cobiçado por siglas como PT e PDT

O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, considera natural o partido protagonizar uma chapa “puro-sangue” no Rio este ano, quando o prefeito Eduardo Paes disputará a reeleição. A justificativa recai sobre 2026, quando Paes, caso reeleito, tende a deixar o mandato no meio para disputar o governo do estado – algo que o prefeito não diz em público, mas que o dirigente defende abertamente. Indicar um vice do próprio grupo político, na ótica de Kassab, seria uma forma de sinalizar ao eleitor que a cidade continuaria nas mãos de alguém de confiança.

— Ele está muito motivado a ser prefeito cumprindo mandato em tempo integral, mas não vai poder, quando for perguntado se vai ser candidato a governador, afirmar que existe essa possibilidade se não tiver um vice do mesmo partido, que conheça os projetos, alguém de dentro do time. Essa é efetivamente a posição dele, e principalmente a da nacional do PSD— justifica Kassab.

Ao apontar essa hipótese, o presidente da sigla revela um movimento que há tempos ganha corpo nos bastidores da pré-candidatura de Paes:

– Temos expectativa grande de ter candidato a governador em um estado como o Rio de Janeiro, e o Eduardo Paes, se você afirmar que não será candidato, ninguém vai acreditar.

Uma cidade que pode eleger o mesmo prefeito pela quarta vez, avalia Kassab, “não está elegendo uma pessoa, mas um projeto”. Seria desleal, ainda na linha de raciocínio do dirigente partidário, considerar o encerramento desse projeto no meio sem dar um recado claro de que haveria continuidade por meio de um aliado de confiança — ou seja, um correligionário.

O presidente nacional do PSD se reuniu na manhã de ontem com Paes e outros quadros do partido no Rio, entre eles os principais cotados para o posto de vice.

— Essa é a razão da deliberação que teve hoje (ontem), com muito cuidado e respeito aos aliados. Construir, dar bastante prioridade à questão da candidatura própria a vice-prefeito. Explicando o porquê e deixando claro que não é um ato de arrogância — reforça. 

— É uma manifestação clara, pública, honesta de alguém que pode ser convocado, sim. O Rio teve muitas dificuldades no plano estadual nos últimos anos, e o Eduardo é uma pessoa que pode representar uma renovação tão esperada pelo estado e que ainda não veio.

PT e PDT de olho

Kassab, no entanto, evita cravar nomes. Sabe-se que o favorito de Paes é o deputado federal Pedro Paulo, seu principal aliado na política. Na semana passada, no entanto, no limite do prazo legal, o prefeito exonerou secretários filiados ao PSD que também despontam como alternativa: o da Casa Civil, Eduardo Cavaliere, e o de Esportes, Guilherme Schleder. Também nas fileiras da legenda, existe como opção o presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado.

À esquerda, siglas como o PT e o PDT tentam emplacar nomes. Os petistas afunilaram as opções e definiram Adilson Pires e André Ceciliano como postulantes. Já na legenda trabalhista, a deputada estadual Martha Rocha será anunciada hoje, pelo dirigente Carlos Lupi, como sugestão do partido.

— Fazer agora uma afirmação (de defesa da chapa puro sangue) é até desrespeito com os aliados, mas tudo leva a crer, na visão nacional, que justifica a avaliação de ter um vice do PSD, por conta da situação do próprio prefeito. É uma pessoa muito bem avaliada, vai ser prefeito pela quarta vez — sentencia Kassab.


Fonte: O GLOBO