Plano em elaboração prevê o anúncio de um pacote que reunirá iniciativas já lançadas para a faixa etária de 15 a 29 anos, que corresponde a 23% da população
O plano em elaboração no governo prevê o anúncio de um pacote que reunirá iniciativas já lançadas para a faixa etária de 15 a 29 anos, que corresponde a 23% da população. Na prática, contudo, será uma nova roupagem para medidas já anunciadas de forma separada.
O carro-chefe da lista deve ser o programa Pé-de-Meia, que prevê auxílio financeiro mensal de R$ 200 para estudantes do Ensino Médio, além de uma poupança a ser sacada no fim do curso. A criação de cem novos institutos federais no país também vem sendo citada por auxiliares.
No governo, no entanto, a avaliação é que ambas iniciativas são insuficientes para alterar a popularidade de Lula nesse estrato da população e que é preciso produzir uma linguagem única voltada ao jovem para comunicar outras ações.
Pesquisa Datafolha da semana passada mostrou que, de março até agora, oscilou de 21% para 24% o contingente de jovens (16 a 24 anos) que avalia o governo como ruim ou péssimo, enquanto recuaram de 32% para 25% os que, dentro dessa faixa etária, consideram a gestão como ótima ou boa. A margem de erro, no recorte por idade, é de cinco pontos percentuais para mais ou menos. Levantamento Quaest do mês anterior já havia detectado tendência semelhante de desgaste.
O pedido para o governo preparar um pacote voltado aos jovens partiu do próprio Lula. A ideia surgiu após levantamentos internos mostrarem que, apesar de ter levado vantagem sobre Jair Bolsonaro na campanha de 2022 neste segmento, segundo pesquisas feitas na época, a percepção atual dos jovens é que o petista poderia estar fazendo mais.
O temor no Planalto é que o sentimento de decepção com o governo cresça e, por isso, o plano é montar uma espécie de cardápio de ações para esse público em um único espaço. Um dos auxiliares de Lula envolvidos nas discussões afirma que, ainda que os jovens possam ter escolhido o petista em 2022, seu apoio não está cristalizado, pois ainda espera o governo acontecer.
— O governo tem centenas de ações de políticas públicas direcionadas à juventude. A Secretaria-Geral da Presidência da República faz um papel de articulação dessas políticas, de dar coesão, para que possa dar mais visibilidade e chegar ao conjunto da juventude brasileira — disse o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, que ficou responsável pela tarefa.
Lançamento próximo
Nas primeiras conversas, a pasta identificou 200 ações em 28 ministérios voltadas a esse público. Uma delas é o Bolsa Jovem Cientista da Pesca Artesanal, que destina bolsas de pesquisa para estudantes da rede pública filhos de pescadores.
O carro-chefe da lista deve ser o programa Pé-de-Meia, que prevê auxílio financeiro mensal de R$ 200 para estudantes do Ensino Médio, além de uma poupança a ser sacada no fim do curso. A criação de cem novos institutos federais no país também vem sendo citada por auxiliares.
No governo, no entanto, a avaliação é que ambas iniciativas são insuficientes para alterar a popularidade de Lula nesse estrato da população e que é preciso produzir uma linguagem única voltada ao jovem para comunicar outras ações.
Pesquisa Datafolha da semana passada mostrou que, de março até agora, oscilou de 21% para 24% o contingente de jovens (16 a 24 anos) que avalia o governo como ruim ou péssimo, enquanto recuaram de 32% para 25% os que, dentro dessa faixa etária, consideram a gestão como ótima ou boa. A margem de erro, no recorte por idade, é de cinco pontos percentuais para mais ou menos. Levantamento Quaest do mês anterior já havia detectado tendência semelhante de desgaste.
O pedido para o governo preparar um pacote voltado aos jovens partiu do próprio Lula. A ideia surgiu após levantamentos internos mostrarem que, apesar de ter levado vantagem sobre Jair Bolsonaro na campanha de 2022 neste segmento, segundo pesquisas feitas na época, a percepção atual dos jovens é que o petista poderia estar fazendo mais.
O temor no Planalto é que o sentimento de decepção com o governo cresça e, por isso, o plano é montar uma espécie de cardápio de ações para esse público em um único espaço. Um dos auxiliares de Lula envolvidos nas discussões afirma que, ainda que os jovens possam ter escolhido o petista em 2022, seu apoio não está cristalizado, pois ainda espera o governo acontecer.
— O governo tem centenas de ações de políticas públicas direcionadas à juventude. A Secretaria-Geral da Presidência da República faz um papel de articulação dessas políticas, de dar coesão, para que possa dar mais visibilidade e chegar ao conjunto da juventude brasileira — disse o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, que ficou responsável pela tarefa.
Lançamento próximo
Nas primeiras conversas, a pasta identificou 200 ações em 28 ministérios voltadas a esse público. Uma delas é o Bolsa Jovem Cientista da Pesca Artesanal, que destina bolsas de pesquisa para estudantes da rede pública filhos de pescadores.
Outra iniciativa é o Segundo Tempo, programa que estimula prática de esporte no turno inverso da escola. Outros dois programas que devem ser incluídos são o Pacto Pela Alfabetização na Idade Certa — o governo mapeou 720 mil jovens que não são alfabetizados — e o Programa Manoel Querino, que oferece convênios com universidades para cursos de qualificação profissional de jovens.
— Queremos apresentar um ciclo de políticas de que todos os jovens possam participar. As ações existem e são substanciais. O jovem quer respostas urgentes, e ele está certo — afirma o secretário nacional da Juventude, Ronald Sorriso.
O modelo do projeto, ainda em fase de finalização, será levado para chancela de Lula antes do lançamento. A expectativa no governo é que a iniciativa seja lançada nas próximas semanas, mas não há data prevista.
Ao discursar na Conferência Nacional da Juventude, em dezembro do ano passado, Lula pediu “muita paciência” aos jovens porque o “governo precisava negociar com muita gente que é adversário político”. Também cobrou ação dos seus auxiliares.
— Qual é o trabalho que nós vamos fazer, Sorriso, com os milhões de jovens que ainda não nos entendem? Como é que nós vamos tratar esses milhões de jovens? 65% votaram no Milei (Javier Milei, presidente da Argentina), de 16 a 24 anos de idade. Como é que a gente vai competir na formação política dessa juventude que está abandonada na periferia, sendo violentada todo dia com a indústria da fake news, com a indústria da mentira, com a indústria da destruição? Como é que a gente vai fazer? — questionou o presidente à época.
A cobrança que Lula fez em dezembro vem sendo replicada internamente pelo presidente aos auxiliares responsáveis por capitanear a iniciativa. Além da Márcio Macêdo, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) está envolvida na tarefa e avalia a criação de site, slogan ou de campanha publicitária voltada ao segmento. A Secom é comandada interinamente pelo jornalista Laércio Portela.
'Fé no Brasil'
A ideia de desenhar uma marca de comunicação específica voltada ao jovem é mais uma tentativa do Palácio do Planalto para se aproximar de públicos nos quais têm enfrentado resistência. Em maio, o governo lançou a campanha “Fé no Brasil”, como parte do esforço para romper a barreira da polarização e reverter a tendência de queda na popularidade de Lula nas pesquisas.
A campanha visa a promover ações e políticas públicas sob a premissa de que as iniciativas beneficiarão todos os brasileiros, e não apenas os que apoiam a gestão petista.
A iniciativa ocorreu após a avaliação no Planalto de que a retomada de programas que foram vitrine das gestões anteriores do PT, como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e Mais Médicos, não teve resultado significativo na popularidade de Lula.
— Queremos apresentar um ciclo de políticas de que todos os jovens possam participar. As ações existem e são substanciais. O jovem quer respostas urgentes, e ele está certo — afirma o secretário nacional da Juventude, Ronald Sorriso.
O modelo do projeto, ainda em fase de finalização, será levado para chancela de Lula antes do lançamento. A expectativa no governo é que a iniciativa seja lançada nas próximas semanas, mas não há data prevista.
Ao discursar na Conferência Nacional da Juventude, em dezembro do ano passado, Lula pediu “muita paciência” aos jovens porque o “governo precisava negociar com muita gente que é adversário político”. Também cobrou ação dos seus auxiliares.
— Qual é o trabalho que nós vamos fazer, Sorriso, com os milhões de jovens que ainda não nos entendem? Como é que nós vamos tratar esses milhões de jovens? 65% votaram no Milei (Javier Milei, presidente da Argentina), de 16 a 24 anos de idade. Como é que a gente vai competir na formação política dessa juventude que está abandonada na periferia, sendo violentada todo dia com a indústria da fake news, com a indústria da mentira, com a indústria da destruição? Como é que a gente vai fazer? — questionou o presidente à época.
A cobrança que Lula fez em dezembro vem sendo replicada internamente pelo presidente aos auxiliares responsáveis por capitanear a iniciativa. Além da Márcio Macêdo, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) está envolvida na tarefa e avalia a criação de site, slogan ou de campanha publicitária voltada ao segmento. A Secom é comandada interinamente pelo jornalista Laércio Portela.
'Fé no Brasil'
A ideia de desenhar uma marca de comunicação específica voltada ao jovem é mais uma tentativa do Palácio do Planalto para se aproximar de públicos nos quais têm enfrentado resistência. Em maio, o governo lançou a campanha “Fé no Brasil”, como parte do esforço para romper a barreira da polarização e reverter a tendência de queda na popularidade de Lula nas pesquisas.
A campanha visa a promover ações e políticas públicas sob a premissa de que as iniciativas beneficiarão todos os brasileiros, e não apenas os que apoiam a gestão petista.
A iniciativa ocorreu após a avaliação no Planalto de que a retomada de programas que foram vitrine das gestões anteriores do PT, como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida e Mais Médicos, não teve resultado significativo na popularidade de Lula.
Algumas iniciativas
- Pé-de-Meia: Prevê auxílio mensal de R$ 200 a alunos do Ensino Médio que seguirem critérios sociais e de assiduidade, como frequência mínima e participação em exames, além de uma poupança a ser sacada no fim do curso.
- Institutos federais: O governo anunciou a construção de cem novos campi de Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, espalhados por todos os estados. Ao todo, serão 140 mil novas vagas. As obras terão o investimento de R$2,5 bilhões.
- Pesca artesanal: O Jovem Cientista da Pesca Artesanal é voltado a jovens pescadores artesanais do Ensino Médio público. O programa estimula a pesquisa na área de pesca artesanal e busca evitar a evasão escolar. Serão oferecidas mil bolsas.
- Segundo Tempo: O programa estimula a prática de esporte no turno inverso da escola. O governo pretende implantar 95 núcleos para atender, inicialmente, 10 mil estudantes e gerar emprego a 180 professores e monitores de educação física.
Fonte: O GLOBO
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