Kawara Welch, de 23 anos, continua custodiada na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, em Uberlândia

A Justiça de Minas Gerais negou um novo pedido de liberdade feito pela defesa de Kawara Welch, de 23 anos, presa desde 8 de maio pelo crime de stalking após perseguir um médico de Ituiutaba, em Minas Gerais. Ela continua custodiada na Penitenciária Professor João Pimenta da Veiga, em Uberlândia.

O advogado Jean Fillipe Alves da Rocha alegou que “não houve descumprimento das medidas cautelares, pois a vontade de comunicação seria mútua” entre a vítima e Kawara. A defesa de Welch sustenta que ela teve um relacionamento com o médico, o que é negado pelo profissional. O advogado requereu a prisão domiciliar, alegou excesso de prazo na conclusão do inquérito policial e disse ainda que não há prova da materialidade do delito de roubo.

Na decisão desta sexta-feira, o desembargador e relator Anacleto Rodrigues afirmou não haver “nenhuma ilegalidade flagrante dos atos, tampouco abuso de poder, vez que a decretação da prisão preventiva foi precedida de requerimento ministerial (Ministério Público) e, somente foi decretada, após constatada a presença dos requisitos legais que a justificam”.

“Deixa-se consignado que a inobservância do prazo para a conclusão do inquérito policial não deve dar causa automática ao relaxamento da prisão, como alega a defesa. A contagem dos prazos deve ser feita de forma global, não se considerando o lapso temporal isolado para cada fase processual”, completou Anacleto.

Kawara Welch — Foto: Reprodução

Na última terça (21), o juiz André Luiz Riginel da Silva Oliveira, da Comarca de Ituiutaba, já havia negado a liberdade à stalker, justificando que ela descumpriu medidas cautelares. A violência mencionada pelo magistrado ocorreu em 4 de janeiro de 2023, quando Kawara, acompanhada de sua avó, foi presa em flagrante por roubo. Na ocasião, ela "teria subtraído o celular da vítima mediante violência e grave ameaça" durante uma abordagem ao médico e sua companheira. De acordo com o processo judicial, a avó de Kawara teria dado uma chinelada na mulher da vítima.

O magistrado também pontua o fato de que a prisão preventiva foi decretada em 3 de março de 2023. Mas Kawara permaneceu foragida até 8 de maio deste ano, quando finalmente acabou presa. "Ocorre que nesse período de fuga, mesmo estando com mandado de prisão em aberto, a suspeita continuou a perseguir as vítimas", afirma Oliveira.

Entenda o caso

Em entrevista ao Fantástico, o médico relatou que conheceu Kawara em 2018, quando ele a atendeu com um quadro de depressão. Ainda segundo a vítima, as perseguições a ele e sua família começaram em 2019, quando Kawara se dizia apaixonada por ele.

Por conta das tentativas, a artista plástica foi excluída da lista de pacientes do profissional. Com isso, ela passou a fazer ameaças e também ligar para os familiares do médico, inclusive o filho dele, de 8 anos. Kawara ainda teria enviado fotos a ele com lençóis e cordas amarrados no pescoço e outras em tom de despedida. Ao todo, o profissional de saúde e a esposa registraram 42 boletins de ocorrência por perturbação do sossego, lesão corporal, ameaça e extorsão.

Kawara também teria começado a segui-lo nas ruas. Em 2022, segundo o médico, a jovem invadiu seu consultório e houve um desentendimento com agressões entre ela e sua a esposa. Um ano depois, também na clínica, houve mais um episódio que a acusada invadiu o espaço e teria furtado o celular da companheira da vítima. A artista plástica chegou a ser presa, mas foi liberada após pagar fiança de R$ 3,5 mil e passou a responder ao processo em liberdade.

Quem é Kawara Welch?

Nas redes sociais, a jovem se identifica como artista plástica e modelo. Nas publicações, ela compartilha fotos suas e de suas obras. Kawara acumula mais de 6,5 mil seguidores.

O que diz a defesa?

Procurada pelo O GLOBO, a defesa da jovem alega que os dois tinham um relacionamento. Ainda segundo os advogados que representam a artista plástica, o relacionamento teria começado quando ela era adolescente, entre seus 16 e 17 anos.

"A companheira da suposta vítima descobriu então essa situação e passou 'coagir' a suposta vítima, que sem alternativa foi obrigada a confeccionar essas denúncias. Infelizmente, como dito, a Sr. Kawara não teve a oportunidade de declarar tudo o que agora declara por sua defesa e fornecer documentos para que tudo fosse apurado", afirmam em nota.

Eles ainda destacam que Kawara "nunca foi intimidada" para prestar qualquer esclarecimento sobre os fatos.


Fonte: O GLOBO