Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, afirma que a contagem de mortos subiu para 45 durante a madrugada
"Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso". Foi assim que a Agência das Nações Unidas para Refugiados Palestinos no Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês) reagiu, na manhã desta segunda-feira, ao bombardeio israelense contra a região de Rafah, no extremo sul do enclave palestino. Ao todo, 45 pessoas morreram, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlada pelo Hamas, no ataque que organizações internacionais e autoridades palestinas dizem ter atingido uma área que abrigava deslocados pela guerra.
"As informações provenientes de Rafah sobre novos ataques a famílias que procuram abrigo são horríveis. Há relatos de causalidades [mortes e feridos] em massa, incluindo crianças e mulheres entre os mortos. Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso", reagiu a agência, em uma publicação nas redes sociais nesta segunda-feira.
O Exército de Israel confirmou que um lançou um ataque aéreo contra a região de Rafah, no domingo, atingido civis palestinos. A operação está "sob análise", disseram os militares, que justificaram a ação a partir de informações de que a área abrigaria um complexo do Hamas. O Exército argumentou ainda que dois comandos do grupo palestino foram mortos no bombardeio.
Em contrapartida, autoridades palestinas e grupos de ajuda humanitária que atuam na região denunciaram que o ataque foi realizado contra uma zona humanitária demarcada pelo próprio Estado de Israel. O Crescente Vermelho palestino afirmou que os militares israelenses disseram expressamente que os civis de Rafah deveriam se dirigir à região para evitar o teatro de operações em Rafah.
"O massacre em Rafah ontem deixou 45 mártires, incluindo 23 mulheres, crianças e idosos. Há outros 249 que ficaram feridos", disse o Ministério da Saúde de Gaza, em um comunicado na manhã desta segunda.
O bombardeio contra o acampamento em Rafah não foi o primeiro no fim de semana. No sábado, as Forças Armadas israelenses bombardearam a cidade do sul, mas também áreas no norte e no centro de Gaza. A escalada de hostilidades também motivou o primeiro ataque com foguetes lançado pelo Hamas contra Tel Aviv, no domingo.
Em uma nota publicada nas redes sociais, o Exército israelense afirmou que os foguetes foram lançados a partir de Rafah. A base de lançamentos usada pelos palestinos estaria localizada perto de duas mesquitas, disseram as autoridades, confirmando que bombardearam a região pouco depois. A descrição do desenvolvimento no solo é desoladora.
— Nós vimos corpos carbonizados... Também vimos casos de amputações, crianças, mulheres e idosos ferido — declarou Mohammad al-Mughayyir, funcionário da agência de Defesa Civil palestina. — Há escassez de combustível... estradas foram destruídas, o que dificulta a circulação de veículos da Defesa Civil nas áreas que são alvos. Também falta água para apagar os incêndios.
Condenação internacional
O ataque de Israel a Rafah provocou uma reação da comunidade internacional, que condenou o bombardeio a uma região de onde, dias antes, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) havia ordenado a Israel se retirar.
O governo do Egito disse que a ação seria um "bombardeio deliberado das forças israelenses contra tendas de deslocados" em Rafah, com o ministro egípcio das Relações Exteriores pedindo em um comunicado que Israel "aplique as medidas determinadas pela CIJ no que diz respeito ao fim imediato das operações militares".
O Ministério das Relações Exteriores do Catar disse que o ataque aéreo israelense a Rafah poderia dificultar os esforços de mediação para chegar a um cessar-fogo no conflito e a um acordo para a libertação de reféns.
"Não temos uma linha de comunicação estabelecida com os nossos colegas no terreno. Não podemos confirmar as suas localizações e estamos extremamente preocupados com o bem-estar deles e com o bem-estar de todas as pessoas deslocadas que se abrigam nesta área. Nenhum lugar é seguro. Ninguém está seguro", escreveu a UNRWA.
Fonte: O GLOBO
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