A expertise tecnológica que transformou Taiwan em uma potência na produção de chips ajudou a reduzir os danos do maior terremoto que a ilha já enfrentou em 25 anos.

Com magnitude de 7,4 graus na Escala Richter, o terremoto matou ao menos nove pessoas e deixou centenas de feridos. O tremor destruiu dezenas de prédios no Condado de Hualien e abalou edifícios em Taipei.

Embora o número de vítimas ainda possa aumentar, o desastre parece estar bem distante da tragédia de 1999, quando 2.400 pessoas morreram após um terremoto. Mudanças nos códigos de construção do país ajudaram a salvar vidas, mas a tecnologia também teve um papel crucial, segundo Wu Yih-min, professor de ciências geológicas na Universidade Nacional de Taiwan e chefe de equipe no Centro Nacional de Ciência e Tecnologia para Redução de Desastres.

Nos últimos anos, Taiwan se tornou o centro global de produção de chips de alta performance, usados para os mais diferentes fins: de dispositivos industriais a celulares, passando por carros, cartões de crédito e até as novas tecnologias de inteligência artificial. O país se tornou crucial para o mercado mundial de laptops, placas de computação e dispositivos de rede.

Gigantes do setor, como a TSMC e a UMC, têm sede no país. E tiveram que interromper a produção em algumas de suas fábricas e evacuar funcionários após o terremoto.

O salto tecnológico do país ajudou a construir um sistema robusto de prevenção de desastres. Localizada numa das regiões do mundo com maior atividade sísmica, Taiwan conta com uma rede governamental que escaneia palavras-chave e fotos postadas online, permitindo que o governo mobilize recursos rapidamente.

O sistema de prevenção também detecta sinais de celular em áreas afetadas para rastrear o fluxo de pessoas, ao mesmo tempo em que coleta capturas de tela de câmeras de vigilância em toda Taiwan para avaliar os danos.

Após o terremoto, mais de 300 mil residências tiveram o fornecimento de energia interrompido. Mas o sistema de monitoramento em tempo real do governo permitiu que a eletricidade fosse restabelecida para mais de dois terços desses clientes em menos de duas horas.


Fonte: O GLOBO