Mourão tenta garantir remuneração a militar que passar para a reserva para concorrer em eleições
O relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que muda as regras para que militares participem das eleições, senador Jorge Kajuru (PSB-ES) diz que não deve fazer qualquer alteração no seu texto, já aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Segundo ele, a votação no plenário deve ocorrer em abril.
Atualmente, o texto obriga os integrantes das Forças Armadas a irem para reserva para poderem se candidatar a cargos eletivos. Caso o militar não preencha as condições de transferência a pedido, ele irá para a reserva não remunerada; caso preencha a condições, irá para a reserva remunerada.
— Não farei qualquer mudança. Eu concordei apenas de haver debate dos dois lados no plenário, o que deve ocorrer ainda em março e a votação deve ser em abril — disse Kajuru ao GLOBO.
Nas últimas semanas, o ministro da Defesa, José Múcio, circulou pelo Senado para tentar diminuir a resistência em relação a PEC, defendida pelo governo.
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), um dos principais representantes da categoria no Senado, se reuniu há duas semanas com Múcio e disse ao ministro que garantir a remuneração dos militares que optarem por ingressar para a política seria um “meio termo aceitável”.
— Você tem 25 anos de serviço e vai jogar seus 25 anos de serviço fora. Não pode se candidatar nunca — disse Mourão ao GLOBO. — Se a gente não conseguir mudar, não passa na Câmara — afirmou.
O GLOBO apurou que o Ministério da Defesa não vê problema que o pleito de Mourão seja atendido e os militares possam receber o salário proporcional ao irem para a reserva para poderem se candidatar. A decisão se a reivindicação será aceita caberá ao governo e isso ainda não aconteceu.
Texto passou na CCJ
O texto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em novembro do ano passado, por votação simbólica, ou seja, sem o registro nominal dos votantes. Mesmo assim, os senadores Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Sergio Moro (União-PR) resolveram se manifestar contra a proposta.
A PEC foi idealizada pelo próprio Múcio, e é uma maneira do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reagir ao que considera politização das tropas.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), foi encarregado de ser o autor da PEC. Ex-ministro da Defesa, o petista tem boa interlocução com integrantes das Forças Armadas.
Fonte: O GLOBO
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