Mercado está de olho também na visão do banco central americano que deve adiar corte para junho

Esta semana teremos o que na economia chamamos de "superquarta", o Comitê de Política Monetária (Copom) ,no Brasil, e o Banco Central americano, o Fed, anunciam suas taxas de juros. Por aqui, é unânime a avaliação do mercado de que vai haver mudança na taxa básica de juros da economia, a Selic. O jornal "Valor" ouviu 135 instituições do mercado financeiro, consultorias e bancos e todos acreditam que vai ter um novo corte de 0,5 ponto percentual.

O corte na taxa de juros brasileira começou em agosto e desde então têm sido feitas reduções sequenciais de 0,5 que levará a taxa para 10,75% esta semana.

Apesar da certeza da redução dos juros esta semana, há ansiedade em relação a essa superquarta. E por quê? Primeiro, pelos juros americanos. O Fed não deve mexer na taxa, mas é importante a sinalização que o comunicado trará para o futuro. Havia uma impressão, tempos atrás, que os juros americanos começariam a ser cortados em março, agora se formou um entendimento que essa redução deve ser adiada para junho. O juros americano são importantes não só para a economia dos EUA, mas do mundo como um todo.

Os comunicados das autoridades monetárias sempre deixam mensagens para serem lidas nas entrelinhas. E é importante saber o que o Fed está daqui para diante. Pois caso o BC dos EUA não sinalize reduzir a taxa, isso exigirá mais cautela por aqui, diante do risco de fuga de capitais e valorização do dólar.

No Brasil, o ano começou com surpresas positivas. A atividade econômica veio bem mais forte do se imaginava neste começo de ano, em vários indicadores, como comércio e serviços. O que levou muitos economistas, inclusive, a revisar o crescimento do PIB para este ano.

No entanto, a inflação também subiu mais do que se esperava. É uma inflação que tem impactos sazonais, como aumento das mensalidades escolares, que acontece sempre no começo do ano, a alta de alimentos, especialmente in natura, efeito do excesso de chuvas e de sol comum nessa época e que afeta a produção. Fevereiro é sempre um mês difícil, mas dessa vez teve uma inflação que surpreendeu, mesmo já contabilizando esse efeito sazonal.

Se há certeza sobre o corte de meio ponto percentual agora, a ansiedade do mercado é saber qual a sinalização que o Copom fará em seu comunicado. Até aqui as indicações têm sido de novos cortes de meio ponto percentual, nas próximas reuniões, sempre no plural. A dúvida é se o texto permanecerá no plural ou se será mais evasivo em relação a continuidade do ritmo de corte.

Não há dúvida entre os bancos que este ano termina com juros de um dígito, 9% é a mediana das previsões do mercado. E a redução dos juros básicos da economia para um dígito é muito importante para a vida das pessoas. Há um efeito de aumento no nível de atividade econômica, na oferta de crédito, na renegociação de dívidas, no crédito imobiliário.

O juros caindo, estimula a economia como um todo. E essa é a aposta do próprio Ministério da Fazenda para o que vai puxar a economia este ano. Até porque, em 2024, a economia não terá a agricultura como força propulsora do PIB, como foi no ano passado. A safra, apesar de se esperar a segunda maior da história, não será recorde com em 2023.

A força do crescimento da economia será mais distribuída e vem dessa melhoria da atividade econômica, do crédito, do consumo. Então é importantíssimo os juros continuarem a cair.


Fonte: O GLOBO