Segundo o presidente municipal da legenda, José Aníbal, maioria optou por ter candidato próprio ou se aliar a outro nome; prefeito, porém, tem apoio de vereadores e deputados

A Executiva provisória do PSDB na cidade de São Paulo decidiu, em votação realizada nesta sexta-feira, que não apoiará a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB), eleito em 2020 na chapa do tucano Bruno Covas. A decisão, que abre caminho para uma aliança com a deputada federal Tabata Amaral (PSB), foi anunciada pelo presidente do partido, o ex-senador José Aníbal, e já tem sido alvo de questionamentos por parte de tucanos aliados do prefeito emedebista.

— O PSDB quer protagonismo nas eleições municipais. Tentamos por três semanas conversar com o Ricardo Nunes, Baleia Rossi (presidente do MDB) e até (o ex-presidente) Michel Temer. No entanto, eles nem consideraram a hipótese de sermos vice. Agora, vamos por outro caminho — disse Aníbal, que assumiu o PSDB-SP em fevereiro.

Tucanos pró-Nunes já questionam a validade da votação ocorrida nesta sexta-feira e sustentam que a decisão sobre a posição do partido na eleição municipal deve ser tomada pelo presidente da federação PSDB-Cidadania, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB).

— O José Aníbal não tem mais habilidade para conduzir o PSDB nessa discussão da eleição. A executiva provisória é uma bagunça. O assunto será tratado pelo presidente da federação PSDB-Cidadania, prefeito Duarte Nogueira, político que tem voto e todos respeitamos — afirmou o tucano Fábio Lepique, secretário-executivo do gabinete de Nunes.

De acordo com José Aníbal, dos 15 integrantes da Executiva Municipal Provisória, oito votaram por ter uma candidatura própria ou se aliar a outro candidato que não seja Nunes. Três defenderam apoiar a reeleição do atual prefeito. Outros três não compareceram à votação, e Aníbal, que está à frente do diretório, não precisou votar porque não houve empate.

— A votação da Executiva Municipal é soberana. Agora, vamos comunicar a Nacional e a Federação — disse ele, acrescentando que a legenda debaterá sobre um possível apoio a Tabata Amaral, pré-candidata à prefeitura de São Paulo pelo PSB, na semana que vem.

A decisão da Executiva Municipal deve ampliar a crise do partido na maior cidade do país, já que Nunes conta com o respaldo de todos os vereadores tucanos e da bancada de deputados estaduais.

Em entrevista ao GLOBO no início do mês, Tomás Covas, filho do ex-prefeito Bruno Covas, também saiu em defesa de Ricardo Nunes, que afirmou dar continuidade à gestão de seu pai, morto em 2021 vítima de um câncer. Na terça-feira, Tomás participou de um evento no qual integrantes do partido divulgaram um manifesto em apoio ao atual prefeito. Durante seu discurso, ele enfatizou que Nunes foi uma "escolha pessoal" de seu pai e que tem sido "leal" ao PSDB.

Na terça-feira, em entrevista ao GLOBO, Aníbal declarou que o partido não apoiaria Nunes se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “golpista”, fosse o responsável pela escolha do vice. O presidente municipal também condicionou o apoio a Nunes ao espaço na chapa do prefeito. Embora Bolsonaro tenha indicado o coronel aposentado da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo para o posto, o favorito é Aldo Rebelo (PDT), secretário de Relações Internacionais.


Fonte: O GLOBO