Petistas tentam barrar troca de endereço de Rosângela, mulher do ex-juiz, que ironizou o movimento: 'Medo digno de nota'
A mudança de domicílio eleitoral da deputada Rosângela Moro (União-SP) e a tentativa do PT de impedir a transferência reforçaram articulações nos bastidores para a disputa da vaga que pode surgir com a eventual cassação do marido da parlamentar, o senador Sergio Moro (União-PR). O cenário ainda envolve uma possível estreia da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) nas urnas e uma concorrência interna no PT.
A mudança no título de Rosângela, de São Paulo para o Paraná, foi revelada na semana passada. Em seguida, o PT apresentou o pedido da impugnação. No sábado, foi a vez de Moro ironizar a atitude do partido. “Nem tem eleições no horizonte, mas é digno de nota o medo que o PT tem de Rosângela Moro. Chora, PT”, escreveu no X (antigo Twitter).
O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) marcou para o início de abril o julgamento de Moro. Os juízes vão analisar duas ações — movidas por PT e PL — que apuram se Moro cometeu abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação nas eleições de 2022. O Ministério Público Eleitoral (MPE) defendeu a cassação do senador. Caso isso ocorra, seria convocada uma eleição suplementar.
Antes mesmo de o partido acionar a Justiça, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), já havia criticado a mudança de Rosângela, dizendo que o casal teria “desprezo pela população paranaense”. A própria Gleisi é citada como possível candidata na eventual disputa, assim como seu colega de bancada Zeca Dirceu, que se diz “super animado” e que estaria recebendo “vários apoios”.
‘Para mim é indiferente’
No campo da direita, o ex-ministro Ricardo Barros (PP) já lançou abertamente sua candidatura. Ex-líder de governo de Bolsonaro, ele se licenciou do mandato de deputado para assumir uma secretaria no governo de Ratinho Júnior (PSD) no Paraná. Outro nome que pretende concorrer é o ex-deputado federal Paulo Eduardo Martins (PL), que já disputou o Senado em 2022 e ficou em segundo lugar.
Até o nome de Michelle Bolsonaro é citado como uma possibilidade. Como o GLOBO mostrou, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem dito a aliados que, caso não haja consenso em um único nome de direita para concorrer com o seu apoio se Moro for cassado, a ex-primeira-dama poderia ser lançada. O plano principal, contudo, ainda é que ela dispute o Senado em 2026 pelo Distrito Federal.
Martins minimiza a possível candidatura de Rosângela, dizendo que seria a repetição da disputa anterior. Ele reconhece, no entanto, que a chegada de Michelle poderia mudar seus planos, mas afirma que a posição do PL, até o momento, é a de que ele seria o candidato:
— Para mim é indiferente (a Rosângela). Já fui candidato pelo PL, concorri com o Sergio Moro, ter um outro Moro repete o cenário. Não altera em nada. Alteraria uma candidatura da Michelle, porque é do mesmo partido, mas até onde sei é especulação. A fala oficial e pública é do presidente do PL (Valdemar Costa Neto), e ele diz que o candidato seria eu.
Já Ricardo Barros não vê “motivo para ansiedade” e aponta desafios para a concretização de eventuais candidaturas de Michelle e Rosângela. Apesar das movimentações que indicam a entrada das novas concorrentes na disputa, ele nega haver “qualquer fato novo relevante no momento”.
— O Bolsonaro tem dito que a Michelle será candidata em Brasília, e a Rosângela tem a sua transferência contestada — analisou Barros.
Fonte: O GLOBO
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