Para o ministro, crise dos últimos dez anos foi muito mais política do que econômica: "era uma espécie de sabotagem"

O resultado primário da economia depende do Congresso, disse o ministro Fernando Haddad, em participação de evento promovido pelo BTG Pactual, nesta terça-feira, em São Paulo. Haddad destacou que a meta de déficit zero não é uma meta de governo, mas de país:

- Não é uma meta do governo. Hoje é uma meta do país, porque está em uma lei,a lei orçamentária. Então foi chancelada pelo Congresso Nacional. Mas assim como o resultado da inflação é diferente da meta de inflação. É igual (a meta fiscal), depende de vários fatores, como apreciação das medidas que o governo manda pro Congresso - disse o ministro e acrescentou: - Então, o resultado primário depende do Congresso Nacional.

O ministro disse ainda que a crise que país atravessa nos últimos dez anos é muito mais política do que econômica:

- Sempre defendi defendo é que a natureza da nossa crise de 10 anos foi muito mais política do que econômica. É uma espécie de sabotagem, uma coisa absurda que estava acontecendo. E todo o esforço que nós estamos fazendo é pros Três Poderes se entenderem. Eu sou muito otimista com a economia brasileira, mas a política precisa ajudar.

Haddad destacou que o país vem de uma "década de desorganização", lembrando que a desoneração da folha começou num governo petista:

- Então, se a gente não rever os erros de 10 anos para cá, para recolocar o país no trilho, desenvolvimento sustentável, nós vamos tirando o nosso encontro com um futuro prometido e nunca realizado.

O ministro reforçou que o arcabouço fiscal deu uma margem de zero 0,25% do PIB e a possibildiade contingenciamentos, que somado possibilitaria chegar a um déficit de 0,5%, mas reafirmou que perseguirá a meta zero.

- Nós queremos ir atrás do resultado necessário para cumprir meta, sem contingenciar. Agora, essas medidas, precisam receber apoio do Congresso Nacional e da sociedade - disse citando a proposta do ministério de terminar com o Perse, programa que desonerou as atividades culturais durante a pandemia e se estende até hoje.

Haddad ainda brincou:

-Acredito que Deus seja brasileiro mesmo, pela quantidade de oportunidades que nos dá e a gente perde. E ele insiste que o Brasil pode dar certo. Eu acho que o Brasil pode dar certo. Sempre achei que pode dar certo e mais uma vez se abre uma janela de oportunidade. Não é só um fiscal que vai resolver o problema do desenvolvimento brasileiro. São pressupostos arrumar a casa, tem muita coisa por fazer ainda. Eu falava da faxina grossa, mais tem faxina média e a fina, tem muita coisa errada no sistema.

O ministro disse ainda que acredita que o Brasil pode crescer mais de 2% este ano e que já vê projeções nesse sentido.

- Mão vejo razão para nós crescermos menos de 2%. A previsão da Secretaria de política econômica é 2,3%, mas já tem gente de mercado falando em mais. Há gente séria falando em 2,5%.

Haddad destacou ainda que os dados de arrecadação de janeiro, ainda não divulgados, surpreenderam. Mas ponderou que ainda é só um mês, em 12, que será necessário acompanhar.


Fonte: O GLOBO