Baixa na base do senador no Instagram já chega a 145 mil usuários nos últimos dois meses e teve início após foto mostrar abraço em Dino durante sabatina

Alvo de processos no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) que podem levar à cassação do seu mandato, o senador Sergio Moro (União-PR) vem registrando queda de seguidores em seu perfil no Instagram. A tendência de baixa nos "apoiadores digitais" começou em 15 de dezembro, após o parlamentar da oposição ao governo Lula ser fotografado abraçando o futuro ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino durante sua sabatina no Senado.

Desde então, mais de 145 mil contas deixaram de seguir Moro somente na plataforma — uma média de cem baixas por hora no período. Embora a maior debandada tenha se dado ainda em dezembro, 7,2 mil seguidores abandonaram as atualizações do senador só este mês. Os dados são do CrowdTangle, plataforma de monitoramento da Meta, dona do Facebook e Instagram.

Flávio Dino fala com Sergio Moro durante sua sabatina no Senado — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo

Houve queda também nas interações de Moro na rede social. O número de curtidas e comentários em postagens da sua página passou de mais de 800 mil, em novembro do ano passado, para 243 mil no mês seguinte e 365 mil em janeiro.

Em paralelo, o senador também reduziu o ritmo de publicações. Nos últimos 14 dias, foram apenas oito postagens no Instagram. Entre 1º e 14 de novembro, antes da queda de seguidores ganhar fôlego, por exemplo, Moro havia feito 19 postagens — mais do que o dobro, portanto.

Expectativa de julgamento

O caso contra Moro no TRE-PR já foi liberado para julgamento pelo relator, o desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, mas o tribunal aguarda a formalização da indicação do novo membro da Corte para pautar as ações movidas pelo PL e PT contra o senador. Há uma semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou o advogado José Rodrigo Sade para a vaga que está aberta na Corte. O Código Eleitoral prevê que julgamentos que envolvam cassação de mandato só devem ser realizados com quórum máximo – ou seja, quando o tribunal estiver com todos os sete juízes.

Os processos contra Moro questionam gastos com sua pré-campanha, período em que o ex-juiz desistiu de concorrer a presidente e optou por disputar o Senado. Em dezembro, o Ministério Público Eleitoral deu parecer favorável à perda do mandato por abuso de poder econômico. Com base em notas fiscais enviadas pelo União e por sua antiga legenda, o Podemos, o MPE calculou gasto de R$ 2,03 milhões e considerou que o valor foi excessivo para a disputa ao Senado no Paraná, o que configura, na sua avaliação, abuso de poder econômico.


Fonte: O GLOBO