Seleção quase foi eliminada em casa na primeira fase do torneio, mas conseguiu se superar rumo ao título da competição continental

No domingo de carnaval, duas tradicionais camisas do futebol africano desfilaram os melhores jogadores do continente mãe na disputa pelo troféu da Copa Africana de Nações. A taça que a cada ano que passa, se torna mais disputada e prestigiada, mostra que assim como nas apurações do carnaval, cada décimo conta.

Irregular, a Costa do Marfim é uma campeã construída no "meio da avenida". Foi como aquela escola que demora a engrenar e se conserta no meio do desfile.

Os anfitriões começaram encantando no primeiro jogo, com um 2 a 0, tranquilo, e o sonho de ser campeão em casa era a convicção geral. Porém as derrotas nas rodadas seguintes, incluindo uma humilhante goleada sofrida para Guiné Equatorial (4 a 0), fez o time só se classificar na bacia das almas. Com um técnico demitido, boatos sobre um empréstimo do técnico da seleção feminina francesa começaram a surgir. A ideia da federação era de que o técnico comandasse os elefantes nos jogos restantes da CAN, alvo de críticas, a ideia logo foi descartada.

Então, o auxiliar técnico fixo da comissão, Emerse Faé, assumiu o comando e ditou um novo ritmo para os elefantes. Classificados de forma quase religiosa, os elefantes ressuscitaram.

Campeões e maiores vencedores da Copa Africana de Nações — Foto: Editoria de Arte

Seguindo o desfile, derrubaram adversário por adversário, com jogos emocionantes, e com uma comissão de frente que brilhou nos momentos mais cruciais. Acrobático, Sebastian Haller decidiu a semifinal, com um golaço. 

Com muita fé, a bola balançou as redes da República Democrática do Congo, um dos times mais valentes da competição, mas que não resistiu ao enredo épico que o carnavalesco destino escreveu. Os donos da casa mostravam novamente a força das suas camisas laranjas, como fizeram contra Senegal de Sadio Mané e também contra Mali, em um cenário em que os campeões, com um jogador a menos, viraram a partida aos 122 minutos de jogo.

Na final contra a Nigéria, Costa do Marfim saiu atrás do placar, mas com Kessié e um homem que venceu o câncer para dar o título ao seu país, Haller, foi campeã. Talvez só o carnaval fosse capaz de fazer elefantes voarem mais alto que super águias, mas a Costa do Marfim tornou isso realidade. Triunfante e com uma história de redenção e reviravoltas, os marfinenses são novamente campeões africanos com um enredo digno de nota dez.

Ponta de lança joga luz, no GLOBO, nas histórias pouco conhecidas do futebol e da cultura do continente africano


Fonte: O GLOBO