Eles poderão responder por quatro homicídios culposos; alterações foram feitas em estabelecimento de Aparecida de Goiânia (GO)

A Polícia Civil de Santa Catarina concluiu, nesta quarta-feira, o inquérito da morte de um grupo de jovens em uma BMW, em Balneário Camboriú, no dia 1° de janeiro. Segundo as autoridades, a causa das mortes está na ruptura de uma peça instalada em uma oficina de Aparecida de Goiânia (GO). O dono do estabelecimento e o responsável pela instalação foram indiciados por quatro homicídios culposos.

A BMW onde os quatro jovens morreram asfixiados por monóxido de carbono na manhã de 1º de janeiro em Balneário Camboriú, no Litoral Norte, passou por ao menos quatro customizações, que levaram ao rompimento de uma peça ligada à tubulação de gás. Segundo a investigação, as alterações foram feitas para conferir maior potência e ruído ao automóvel.

Análise feita pela polícia de SC compara carro dos jovens (à esquerda) com uma BMW original de fábrica (à direita) — Foto: Reprodução

Um dos equipamentos colocados no motor do veículo era "de certa forma caseiro", disse o delegado Vicente Soares, no último dia 12. De acordo com a Polícia Civil, as alterações no carro de luxo foram feitas por "por um indivíduo de 48 anos, sem qualquer formação técnica, e sob a supervisão e controle do proprietário do estabelecimento, de 35 anos".

BMW onde corpos foram achados em parada cardiorrespiratório em SC — Foto: Felipe Sales/NSC TV

De acordo com o perito Luís Gabriel, o catalisador foi substituído por uma tubulação downpipe, peça que leva os gases do coletor de escape até o catalisador. A solda irregular do equipamento levou a um rompimento da peça, fazendo com que o monóxido de carbono escapasse pelo ar-condicionado, causando a morte dos quatro jovens.

Entenda o caso

Os jovens Nicolas Kovaleski, de 16 anos, Karla Aparecida dos Santos, de 19 anos, Tiago de Lima Ribeiro, de 21 anos, e Gustavo Pereira Silveira Elias, de 24, foram encontrados mortos dentro de uma BMW em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, no dia 1° de janeiro. De acordo com as investigações, parte da família havia se mudado há cerca de um mês da cidade de Paracatu (MG) para a região da Grande Florianópolis para abrir uma empresa, e foram passar o ano novo na cidade costeira.

De acordo com o delegado plantonista Bruno Effori, eles estavam no carro para buscar a namorada de um deles quando começaram a passar mal, com sintomas de enjôo, vômito e tremedeira. Eles preferiram ficar dentro do carro, uma BMW/320l M Sport modelo 2022, para esperar os sintomas passarem antes de seguir viagem, com o ar condicionado ligado.

A namorada de uma das vítimas, que chegou de ônibus, não estava com os sintomas e ficou entrando e saindo do veículo, aguardando os outros melhorarem para pegarem estrada até Florianópolis. Porém, em uma das vezes que voltou até o carro, após ficar entre 30 e 40 minutos do lado e fora, ela constatou o óbito das vítimas.

De acordo com as investigações, teria ocorrido um vazamento entre o motor e o painel do veículo, causando uma intoxicação e asfixia nos quatro jovens, que permaneceram no carro e acabaram se contaminando. A testemunha informou que os quatro jovens estavam com os olhos bem vermelhos e esbugalhados, havia vômitos por todo o veículo, uma das vítimas estava com o braço arroxeado e outra com sangue saindo pela boca.


Fonte: O GLOBO