Havia 1,8 milhão de brasileiros buscando uma vaga há pelo menos dois anos nos últimos três meses de 2023, queda de 17,6% em relação a igual período de 2022

O desemprego de longa duração caiu no quarto trimestre e a taxa de desocupação recuou tanto para homens quanto para mulheres. A distância entre eles e elas no mercado de trabalho, porém, aumentou devido ao ritmo maior de queda do desemprego entre os homens. É o que apontam os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE.

A pesquisa mostra ainda que, quando visto sob a ótica regional, somente os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte registraram redução na taxa de desemprego no último trimestre, quando comparado aos três meses imediatamente anteriores. Nos demais, houve estabilidade ou alta. Na média do ano, no entanto, 26 das 27 unidades da federação apresentaram recuo em relação a 2022.

Considerando o tempo de procura, cerca de 1,8 milhão de brasileiros buscavam trabalho há dois anos ou mais entre outubro e dezembro, o chamado desemprego de longa duração. Isso representa uma queda de 17,6% em relação a igual trimestre de 2022, quando havia 2,2 milhões nessa situação.

Ainda assim, a fatia de trabalhadores que busca uma vaga por um longo período é grande. Eles representavas 22,3% da população desempregada nos últimos três meses do ano passado. No último trimestre de 2022, esse percentual era de 25,6%. Na comparação com o terceiro trimestre de 2023, houve estabilidade (22,2%).

Por outro lado, quem ficou desempregado há menos tempo está tendo dificuldade para encontrar uma oportunidade: 3,8 milhões, ou quase metade (46,5%) dos desocupados, estavam em busca de uma vaga entre um mês a menos de um ano no quarto trimestre. Esta parcela cresceu 0,7% frente aos últimos três meses de 2022.

Desemprego cai mais entre os homens

O desemprego caiu no quarto trimestre para homens e para as mulheres, embora a queda tenha sido maior para eles. Enquanto a taxa de desocupação das mulheres caiu de 9,3% para 9,2% na passagem do terceiro para o quarto trimestre, a dos homens recuou de 6,4% para 6% no mesmo período.

Essa diferença no ritmo de queda ampliou a desigualdade entre homens e mulheres no que diz respeito a oportunidades no mercado de trabalho, segundo o IBGE.

Desemprego cai em apenas dois estados no quarto trimestre — Foto: Wikipedia Commons

“A variação mais acentuada na taxa de desocupação dos homens no quarto trimestre aumenta a diferença nesse indicador entre homens e mulheres. Com essa variação, a taxa para elas é 53,3% maior do que a dos homens, aumentando a distância em relação ao que foi observado no trimestre anterior (45%)”, analisa Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE.

Assim, somente a taxa de desocupação dos homens está abaixo da média nacional, que ficou em 7,4% no fim do ano passado.

Desemprego regional

Do ponto de vista regional, apenas Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte tiveram queda na taxa de desemprego na passagem do terceiro para o quarto trimestre. No Rio, a taxa recuou de 10,9% para 10%. Já no Rio Grande do Norte, o percentual caiu de 10,1% para 8,3%.

Na análise por região, apenas o Sudeste teve retração na taxa - de 7,5% para 7,1%. Nas outras quatro regiões, o indicador ficou estável.

"Diversos estados do país apresentaram tendência de queda, mas só em dois deles a retração foi considerada estatisticamente significativa. No Rio de Janeiro, houve crescimento acentuado da ocupação, principalmente nas atividades industriais e de outros serviços. No caso do Rio Grande do Norte, o recuo da taxa foi influenciado pela redução do número de pessoas procurando trabalho no período”, explica Adriana Beringuy, do IBGE.


Fonte: O GLOBO