Kiev e Moscou intensificaram ataques contra territórios inimigos desde o fim do ano passado
A Rússia lançou um ataque em larga contra a Ucrânia, nesta segunda-feira, em mais uma escalada de violência no conflito no Leste Europeu. Kiev confirmou que dezenas de mísseis foram disparados contra ao menos quatro territórios do país, incluindo posições afastadas da linha de frente. Três pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas.
De acordo com autoridades ucranianas citadas pelo jornal Kyiv Post, explosões foram registradas nas regiões de Kharkiv, Zaporizhzhia, Dnipro, Khmelnytsky e Kryvyi Rih (província de origem do presidente Volodymyr Zelensky). Nesta última, uma pessoa morreu após os mísseis russos atingirem um shopping center e arranha-céus. Cortes na rede elétrica também foram registrados.
Desde o fim do ano passado, tanto Rússia quanto Ucrânia aumentaram a intensidade dos ataques a posições inimigas. Bombardeios mataram dezenas de pessoas nos dois lados da fronteira, o que provocou retaliações inimigas e deslocamentos internos.
Equipes de resgate ucranianas trabalham em área bombardeada pela Rússia em Donetsk, no sábado — Foto: Telegram/@VadimFilashkin_donoda/AFP
Autoridades ligadas ao Kremlin confirmaram, também nesta segunda, que cerca de 300 pessoas na cidade de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia, foram evacuadas para centros de acolhimento afastados da linha de frente, na retirada civil mais importante de uma cidade russa desde o início da operação militar, em fevereiro de 2022.
De acordo com o governador da região de Belgorod, Viacheslav Gladkov, os moradores serão alojados em abrigos em Stari Oskol, Gubkin e no distrito de Korochansky. O político russo também acrescentou que o governo recebeu 1.300 solicitações para o envio de menores de idade de Belgorod para acampamentos escolares em outras regiões.
Com a linha de frente praticamente travada há meses, após o fracasso da contraofensiva ucraniana no ano passado e a incapacidade do Exército russo de romper as defesas de Kiev, a guerra entre os vizinhos do Leste Europeu se transformou em um conflito de desgaste. Há cerca de uma semana, o governo ucraniano afirmou que os estoques de munição estavam em nível crítico, pedindo por mais ajuda internacional — uma variável sujeita à política interna de aliados do Ocidente e a capacidade dos países de fornecer a munição.
A frente diplomática também segue sem nenhum avanço. Em uma entrevista ao El País, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, não está interessado em paz e que o único plano para Kiev é vencer militarmente o conflito.
"Putin não quer um conflito congelado e nem a paz. Aqueles que sugerem um conflito congelado argumentam que atuam a favor dos interesses da Ucrânia e do mundo, mas na realidade estão ajudando Putin e ignorando o que é a Rússia hoje", declarou Kuleba à publicação espanhola. "Há guerras em que um lado deve ganhar e outro deve perder. E a agressão russa contra a Ucrânia é esse tipo de guerra. A Ucrânia deve ganhar. A Rússia deve perder. E todo o pensamento político deveria concentrar-se em conquistar esse objetivo".
Fonte: O GLOBO
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