Vice-presidente se reuniu com Gleisi para discutir as eleições municipais no estado; na capital, ele apoia Tabata, enquanto petistas estão com Boulos
Alckmin ainda não tratou do seu apoio à deputada Tabata Amaral na capital paulista em conversa privada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista vem se empenhando pessoalmente pela candidatura do deputado Guilherme Boulos (PSOL) e articulou a volta da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT para ser vice na chapa do parlamentar. A entrada de Lula na campanha de Boulos vai levar à capital paulista a polarização entre o chefe do Executivo e o ex-presidente Jair Bolsonaro, de quem o prefeito Ricardo Nunes (MDB) busca apoio.
O PT já definiu pré-candidatos em 22 cidades paulistas, além de São Paulo, enquanto o PSB tem pré-candidaturas competitivas em outras nove — fora a capital. Santo André, São José dos Campos, Guarulhos e São José do Rio Preto são cidades onde as duas legendas pretendem ter candidatos e poderá haver disputa entre as legendas nas urnas, se não houver acordos até o registro das candidaturas, em 15 de agosto. Integrantes dos partidos afirmam que há possibilidade de negociação em Santo André até a data limite.
Publicamente, Alckmin afirma que só vai tratar das eleições municipais a partir das convenções partidárias, que ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto. Quatro vezes governador de São Paulo, ele é considerado um cabo eleitoral relevante.
Aliados apostam que o vice-presidente trabalhará por Tabata, inicialmente, de forma discreta: conversando com prefeitos e vereadores, fazendo ligações e recebendo aliados para reuniões em São Paulo, aos finais de semana. O vice tem elogiado Tabata a interlocutores e lista como pontos positivos o fato de ser uma mulher com história de superação vinculada ao crescimento pela educação.
A atuação dele deve se concentrar mais nos bastidores, como já fez durante a campanha presidencial de 2022, quando tentava quebrar resistências ao nome de Lula entre aliados do centro e da direita. Com esse formato de apoio, Alckmin também deve evitar um embate direto com Lula, que estará empenhado em eleger Boulos.
Já em São Bernardo do Campo, cidade do ABC onde Lula iniciou sua trajetória política, lideranças petistas iniciaram uma ofensiva para fazer com que Alckmin se engaje na disputa. Na quarta-feira, os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e o deputado estadual Luiz Fernando Teixeira, pré-candidato do PT na cidade, tiveram uma agenda com Alckmin para tratar do assunto. Teixeira é irmão de Luiz Fernando.
Conter desgaste
A entrada de Alckmin, que foi eleito governador de São Paulo três vezes, é vista como uma forma de atenuar o desgaste do PT em São Bernardo. O município atualmente é governado pelo PSDB, ex-partido do vice-presidente, com Orlando Morando. Luiz Marinho foi prefeito de São Bernardo por dois mandatos (2009-2016), mas em 2020, ao tentar voltar ao cargo, perdeu para Morando no primeiro turno.
Durante a conversa de quarta-feira com os petistas, Alckmin ficou de consultar o seu partido, o PSB, sobre o posicionamento que a legenda adotará em São Bernardo, cuja eleição é considerada questão de honra para Lula. Em seu segundo mandato na Presidência, o PT montou uma operação especial para vencer na cidade. Com uma das campanhas mais caras do país na época, Marinho foi eleito prefeito em 2008.
Fonte: O GLOBO
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