Pesquisador do FGV Ibre, diz que crescimento é natural do aumento da população e que serão batidos com frequência

O ano foi positivo para o mercado de trabalho, muito melhor do que se previa no início de 2023. A taxa de desemprego fechou 2023 em 7,8%, a menor desde 2014. No trimestre encerrado em dezembro, a desocupação chegou a 7,4%, um recuo de 0,3 ponto percentual em comparação com o trimestre de julho a setembro. 

No entanto, é preciso ter moderação ao comemorar os recordes - como de população ocupada de empregos com e sem carteira assinada- apontados pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo IBGE, diz o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador sênior da área de Economia Aplicada do FGV Ibre.

- A população está crescendo e é natural que a população ocupada aumente. Em números absolutos, essa é a tendência. Voltando à normalidade, após a pandemia, vamos ver recorde de geração de emprego com carteira assinada, assim como é de se esperar que vai ter um aumento substancial dos trabalhadores sem carteira. Esses recordes vão ser batidos com frequência. Por isso, falar de recorde é besteira - avalia o economista.

Sobre a taxa de desocupação, Barbosa Filho pondera ainda o efeito da saída de cerca de dois milhões de pessoas do mercado de trabalho desde a pandemia, efeito da ampliação dos benefícios no governo Bolsonaro, durante a Covid-19, mantidos na gestão Lula.

- A taxa de desemprego está super baixa é verdade, mas ela está assim porque milhões de pessoas saíram do mercado de trabalho. Os aumentos dos benefícios estimularam muita gente a sair do mercado de trabalho. Não fossem essas pessoas que deixaram de procurar emprego a taxa de desocupação estaria entre 9% e 10% - pontua.

O pesquisador do FGV Ibre explica que por essa razão considera que o nível atual de desemprego não pressiona a economia como aconteceria em 2019:

- O termômetro do mercado de trabalho mudou, o que torna difícil você avaliar o quão aquecido 7,4% significa no mercado de trabalho brasileiro. Em 2019, isso representaria uma pressão inflacionária que não vejo nesse momento.


Fonte: O GLOBO