Pleito com poucos postulantes na busca pelo quarto mandato é o sonho de consumo do atual prefeito
Nas três eleições para prefeito do Rio que venceu, Eduardo Paes (PSD) só conseguiu triunfar no primeiro turno quando enfrentou menos de dez adversários: em 2012, oito candidatos tentaram a sorte e apenas um encarnou a oposição, o então deputado estadual pelo PSOL, Marcelo Freixo, hoje presidente da Embratur. Resultado: Paes alcançou 64,60% dos votos contra 28,15% de Freixo, seguido de percentuais nanicos de Rodrigo Maia, (2,94%), Otávio Leite (2,47%) e Aspásia Camargo (1,27%).
Ter uma eleição com poucos postulantes para buscar o quarto mandato é o sonho de consumo de Paes, que torce junto com a sua equipe por um Tarcísio Motta (PSOL) isolado na esquerda e uma oposição unida em torno do bolsonarista Alexandre Ramagem (PL). Para o prefeito do Rio, vencer no primeiro turno é importante para mostrar força rumo a um voo maior em 2026 na direção do Palácio Guanabara.
Impedir candidaturas avulsas pode evitar as dificuldades de anos anteriores. Na primeira eleição do atual prefeito, em 2008, 12 candidatos buscaram suceder César Maia, sendo vários deles competitivos como Fernando Gabeira, Marcelo Crivella, Jandira Feghali, Alessandro Molon, Solange Amaral e Chico Alencar. Paes só foi vencer Gabeira no segundo turno por pouco mais de 50 mil votos e dá graças a Deus até hoje de o então deputado do PV ter sido flagrado pela imprensa chamando a então vereadora Lucinha de “suburbana”.
Em 2016, desta vez tentando eleger o deputado federal Pedro Paulo, foram 11 os candidatos, novamente muitos deles com estruturas partidárias relevantes e projeção consolidada: além de Molon, Jandira e Crivella, que acabou eleito, participaram da disputa Freixo, Indio da Costa, Carlos Roberto Osório e Flávio Bolsonaro. Mesmo apoiado pela máquina da prefeitura nas mãos de Paes, que acabara de organizar os Jogos Olímpicos do Rio, Pedro Paulo sequer chegou ao segundo turno.
Há quatro anos, mais uma eleição com muitos nomes na urna obrigou Paes a um segundo turno. Foram 14 postulantes, entre eles Crivella, que buscava a reeleição, Delegada Martha Rocha, Benedita da Silva, Clarissa Garotinho, Luiz Lima e até o ex-presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello.
Não é apenas no entorno de Paes que existe a análise de que uma polarização do prefeito com Ramagem pode ajudar a fechar a eleição mais rápido. No PSOL, esse risco também está sendo calculado. Nas duas vezes que disputou para o governo do estado, Tarcísio Motta teve desempenhos razoáveis (8,92% dos votos, em 2014, e 10,72%, em 2018).
Desta vez, o receio é de haver migração do tradicional voto psolista do Rio para Paes numa reta final de primeiro turno contra o bolsonarismo. De fato, Otoni de Paula (MDB) tirando votos de Ramagem, Marcelo Queiroz (PP) mordendo o eleitorado de Paes e algum candidato competitivo do partido Novo atrapalhando ambos provavelmente evitariam uma desidratação repentina do PSOL em outubro.
Fonte: O GLOBO
0 Comentários