Deputados e senadores já estiveram no centro de supostas irregularidades envolvendo abastecimento em postos de gasolina

O uso da cota parlamentar para combustível, como noticiado pelo GLOBO sobre o ministro de Portos de Aeroportos, Silvio Costa Filho, já esteve no centro de outros casos nas últimas décadas. O deputado licenciado usou recursos advindos de verba pública para abastecer carros de familiares entre abril de 2022 e agosto de 2023. O titular da pasta disse desconhecer as informações e atribuiu culpa ao posto.

A prática envolvendo postos de gasolina foi pano de fundo de supostas irregularidades envolvendo parlamentares como o hoje senador Davi Alcolumbre (União-AP). Há casos em que os parlamentares gastaram centenas de milhares de reais em abastecimentos na mesma unidade ou em estabelecimentos geridos por doadores de campanha. Relembre:

Cliente fiel

Os deputados da família Brazão, Manoel (estadual) e Chiquinho (federal), ambos do União-RJ, gastaram até junho do ano passado R$ 206 mil e R$ 200 mil, respectivamente, de verba pública para abastecer seus veículos num mesmo posto de gasolina, em Jardim Sulacap, na Zona Oeste do Rio, que pertence a um de seus sócios, mostrou “O Estado de S. Paulo”. O estabelecimento fica a 36 quilômetros do legislativo fluminense e a oito quilômetros do escritório de Chiquinho. Ambos negam que tenham cometido irregularidades.

Donos do negócio

Em 2013, o então deputado Davi Alcolumbre (União-AP) foi alvo de uma polêmica com a verba de gabinete destinada a combustível: gastara o máximo permitido de R$ 4.500 mensais no posto de seu primo Salomão. O valor seria suficiente para ir e voltar de Brasília a Macapá três vezes por mês em carro econômico. Em outra comparação, seria possível dar a volta em torno da Terra quatro vezes. À época, a explicação foi que as notas eram emitidas em postos Alcolumbre porque a família detinha “70% dos postos de gasolina de Macapá”.

Doador de campanha

O ex-deputado federal cearense Manoel Salviano (PSD), também em 2013, usou toda a sua cota mensal destinada a combustível — R$ 4.500 — em um posto de gasolina que pertencia, segundo registros do Tribunal Superior Eleitoral, a um doador de campanha dele em 2010, mostrou o “Estado de S. Paulo”. A reportagem se referia ao mês de janeiro daquele ano, mas revelava ainda que o parlamentar abastecia ali todos os meses. A doação ao então candidato tinha sido de R$ 10 mil. Ele nega irregularidades.

Bancada unida

Em 2018, a “Folha de S. Paulo” publicou que quatro dos oito deputados federais de Roraima naquela legislatura abasteciam seus veículos no posto de gasolina Abel Galinha, do colega da bancada na Câmara Abel Mesquita Jr. (DEM). Até dezembro de 2017, Shéridan Oliveira (PSDB), Hiran Gonçalves (PP), Maria Helena (PSB) e Edio Lopes (PR) gastaram R$ 70 mil da cota parlamentar na empresa do conterrâneo, sendo que a primeira pagou R$ 50 mil do total. À época, ela disse que não havia qualquer irregularidade.


Fonte: O GLOBO