Caçula deixou o país natal após romper com os parentes por desdobramentos da Revolução Cubana

Juanita Castro, a irmã mais nova dos ex-líderes cubanos Fidel e Raúl, aos quais se opôs por décadas, faleceu aos 90 anos em Miami, informou uma jornalista próxima à família.

"Hoje, nos deixou Juanita Castro, uma mulher excepcional, lutadora incansável pela causa de sua Cuba que tanto amava", escreveu Maria Antonieta Collins, autora das memórias da falecida, que vivia em Miami desde a década de 60.

Juanita Castro deixou Cuba em 1964 após romper com seus irmãos Fidel - falecido em Havana em 2016 - e Raúl, devido a desacordos sobre a direção que a Revolução estava tomando. Ela se exilou em Miami, de onde denunciou publicamente o trabalho de seus irmãos à frente da ilha e colaborou até com a CIA, sob o pseudônimo "Donna", nos planos para derrubá-los, conforme ela mesma confessou.

Em 21 de julho de 2006, Hebe e o então presidente cubano Fidel Castro durante comício da Cúpula Alternativa do Mercosul, em Córdoba, Argentina. — Foto: Juan MABROMATA / AFP

Na cidade da Flórida, a caçula dos Castro abriu uma farmácia onde trabalhou por décadas.

Fidel e Raúl foram dois de sete irmãos. Deles, Juanita, nascida em 1933, era a única a criticar publicamente o rumo comunista tomado pela Revolução Cubana.

Seu duplo papel de irmã dos líderes da Cuba comunista e membro do exílio na Flórida foi algo difícil de lidar, como ela contou em suas memórias, intituladas "Fidel e Raúl, meus irmãos - a história secreta".

"Sem dúvida, sofri mais do que o resto do exílio porque em nenhum lugar do estreito da Flórida me dão trégua, e poucos são os que compreendem a paradoxo da minha vida", escreveu. "Para os de Cuba, sou uma desertora porque saí e denunciei o regime estabelecido. Para muitos em Miami, sou uma pessoa 'non grata' por ser a irmã de Fidel e Raúl".

De acordo com a Univisión, Juanita Castro faleceu de causas naturais em um hospital de Miami, nesta segunda-feira.

"Sua irmã Emma e sua família estendida pedem privacidade neste momento tão doloroso. Não haverá entrevistas e, de acordo com sua vontade, seu funeral será privado", escreveu Maria Antonieta Collins em sua publicação no Instagram.


Fonte: O GLOBO