Segmento representa 17% dos preços do setor, um dos mais mirados pelo BC para definir a taxa básica de juros

A inflação da alimentação fora de casa, que tem um peso importante no IPCA de serviços, deve continuar caindo nos próximos meses e ao longo do ano que vem. Essa tendência, segundo estudo do Santander, pode ajudar a conter os preços do setor, que são os que mostram maior resistência em cair e hoje são os mais mirados pelo Banco Central na hora de definir a taxa básica de juros da economia.

Para se ter uma ideia, a alimentação em bares, restaurantes e lanchonetes atualmente representa 17% da inflação de serviços e 28% do núcleo do IPCA do setor, segundo o banco. O núcleo costuma ser o dado mais olhado pelo BC, já que é uma medida de preços pensada para eliminar o impacto de choques temporários nos preços.

Isso porque uma inflação maior no curto prazo por causa de fatores sazonais ou climáticos, por exemplo, não pode ser combatida por juros mais altos, já que as decisões do BC demoram um longo período para serem sentidas na ponta.

- O caminho futuro da inflação de serviços alimentícios é essencial para entender o processo de desinflação em andamento nos serviços - avaliou a equipe especializada em inflação do banco em relatório.

Os economistas calcularam a tendência para o segmento daqui para a frente com base em fatores como preços de alimentos, que estão em queda por causa da safra recorde de grãos brasileira em 2023, e a tendência para o mercado de trabalho, que deve perder ritmo entre o final deste ano e ao longo do próximo.

Os modelos usados pelo banco mostram que o IPCA da alimentação fora de casa, que já caiu de um patamar de 8% em 12 meses em maio para 5,8% em agosto deste ano, continuará a perder tração. Se o cenário atual se mantiver, diz o Santander, os preços de serviços de bares e restaurantes podem desacelerar para 5,25% em dezembro de 2023 e para 2,8% no final de 2024. Essa seria uma boa notícia para a inflação de serviços em geral.

- Os resultados obtidos apoiam a visão de que a inflação nos serviços de alimentação deve continuar a desacelerar devido à menor inércia, expectativas de inflação (parcialmente) ancoradas, uma trajetória descendente nos preços das commodities alimentares e uma desaceleração no mercado de trabalho e na atividade econômica - apontou o banco.


Fonte: O GLOBO