Brasileiros estão mantendo o aparelho por mais tempo e muitos já optam por economizar até 40% comprando usados
O brasileiro tem passado cada vez mais tempo com o mesmo celular. Se há alguns anos a troca por um novo aparelho era feita a cada 12 meses, agora a média subiu para 24 meses. É o que aponta uma pesquisa da consultoria GfK, realizada no primeiro trimestre deste ano. Entre os consumidores, 44% disseram que trocavam o aparelho depois de mais de dois anos de uso. Em 2019, essa fatia era de 32,3%.
— As condições econômicas do país têm influenciado no aumento do tempo para a substituição do celular, e cuidados básicos com a bateria e a própria estrutura física do aparelho, além de uma boa gestão de armazenamento, podem ajudar — diz André Gildin, da consultoria de Inovação e Transformação Digital RKKG.
Outro levantamento mostra que dos 30 milhões de celulares vendidos no varejo em 2022, 22 milhões foram substituições por modelos similares, sinalizando que o consumidor está mais resistente a comprar aparelhos mais caros.
O crédito escasso e com custo elevado no varejo ajuda a explicar a demora na troca do celular. Segundo especialistas, a redução no número de parcelas e, consequentemente, o aumento do boleto mensal têm ajudado a afastar os compradores. Por isso, cresceu a busca por modelos mais baratos:
— A queda no tíquete médio se acentuou após a pandemia. O consumidor encontra muita dificuldade de comprar smartphone com renda comprometida. Os varejistas e fabricantes também já perceberam. Assim, os fabricantes passaram disponibilizar modelos mais baratos que vão ter mais saída — diz Andréia Chopra, analista Consumer Devices IDC Brasil.
Um estudo do IDC Brasil aponta uma redução de 11% no número de aparelhos vendidos no Brasil. O levantamento mostra ainda que a faixa de preço dos celulares mais vendidos no 1º trimestre do ano foi a de R$ 700 a R$ 999.
Para quem quer um celular top de linha, mas não quer gastar muito, uma opção são os aparelhos usados e os recondicionados — equipamentos também usados, mas revisados por equipe técnica, com eventuais reposições de componentes — que custam até 40% menos do que os novos.
— No primeiro semestre deste ano, registramos alta de 13,3% nas vendas desses aparelhos em relação ao mesmo período de 2022— diz Armando Mosin, CEO da Trocafone.
A estimativa do IDC é que, em 2024, o mercado de recondicionado chegue a 5,5 milhões de unidades.
— Modelos cada vez mais caros fomentam um mercado secundário — explica Felipe Piva, diretor de Operações e head da Trocafy, plataforma especializada na compra e venda de celulares seminovos e usados.
Confira as orientações para fazer o celular durar mais e os cuidados caso pense em economizar e comprar aparelho usado ou recondicionado.
O que fazer para aumentar a durabilidade
- Bateria: A saúde da bateria é muito afetada pela quantidade de recargas. O ideal é respeitar o ciclo da bateria, deixando que o aparelho descarregue para então recarregá-lo, e evitar cargas picotadas. Além disso, cabos e carregadores de baixa qualidade também interferem na vida útil da bateria. Dê preferência a itens homologados pela Anatel e pelas fabricantes.
- Telas e afins: Película e capa são acessórios fundamentais para preservar a tela e a estrutura física do aparelho, protegendo contra arranhões e até quebras, em caso de quedas.
- Sistema operacional: Os fabricantes fazem atualizações periódicas dos sistemas, o que influencia diretamente na performance do aparelho e na forma como os apps operam. Os usuários devem ficar atentos ao armazenamento do smartphone, para que haja espaço para as atualizações, o que garantirá melhor performance no dia a dia.
- Memória: Na hora de comprar o aparelho, é importante entender o perfil de uso do consumidor, para que o celular tenha quantidade de armazenamento suficiente para as atividades que o usuário irá desenvolver. Não é incomum que o usuário avalie que há um problema no smartphone, mas o aparelho está apenas com a memória sobrecarregada, o que afeta a performance.
- Limpeza: Manter o aparelho limpo e evitar a exposição a líquidos e outros componentes, como poeira e até areia de praia, são cuidados para a aumentar a vida útil.
- Procedência: Para evitar transtornos, o consumidor deve adotar medidas de segurança. A recomendação é nunca comprar um aparelho sem que o vendedor lhe dê garantias de que o Imei do aparelho foi consultado e que não consta nenhum registro de roubo ou furto. O número do Imei, equivalente a uma identidade do celular, pode ser consultado nas configurações, ou discando *#06#.
- Na hora da compra: Opte por uma loja registrada. Piva, daTrocafy, explica que os aparelhos são captados através de parcerias com varejistas e as próprias fabricantes. Os aparelhos passam por varredura para identificar defeitos e necessidades de troca de peças. Além de verificação para garantir que não é celular roubado ou furtado.
- Condições de uso: Certifique-se de que o aparelho seminovo passou por revisões de peças e funcionalidades, incluindo hardware, software, fones, conectores, memória, alto-falantes, bateria, câmera, Wi-Fi, microfone e carregadores. A estrutura e a configuração de fábrica devem estar preservadas.
- Nota fiscal e garantia: Compre smartphones seminovos de vendedores que possam oferecer nota fiscal do produto. Não aceite somente um recibo de pagamento. Além disso, é importante verificar se há garantia para falhas técnicas pelo período de, pelo menos, 90 dias.
- Durabilidade: A durabilidade de um celular recondicionado depende do estado do produto na compra. Segundo especialistas, dependendo do histórico do aparelho, é possível que permaneça tão funcional quanto um dispositivo novo.
Fonte: O GLOBO
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