Esse tipo de gordura é essencial para o organismo, mas muito difícil de ser produzida em quantidades adequadas, por isso é necessária uma ingestão considerável de peixes gelados ou via suplementação

Estrela de vendas nos programas vespertinos, o ômega 3 é um dos suplementos mais consumidos pelos brasileiros e um daqueles que mais apresentam estudos científicos reforçando sua ação como efeito anti-inflamatório, redução dos níveis do LDL colesterol (o conhecido colesterol “ruim”), melhora na cognição, aprendizado, memória e neuroproteção, no desempenho esportivo, na recuperação muscular e na saúde das articulações.

Em meados de 1970, uma pesquisa apontou que esquimós na Groenlândia apresentavam baixa incidência de doenças cardiovasculares, atribuindo o fato ao consumo de uma gordura específica: o ômega 3. Isso porque a dieta deles era composta principalmente por peixes, baleias e focas, fontes naturais da substância.

Sua composição química é um conjunto de ácidos graxos poliinsaturados, classificados como óleos essenciais, ou seja, óleos que os seres humanos não produzem e têm que adquirir da natureza. Os ômega 3 são compostos principalmente por ácido docosahexaenóico (DHA) e ácido eicosapentaenóico (EPA), além do ácido alfa-linolênico (ALA ), ácidos graxos encontrados em peixes de água profunda e gelada que, ao comerem pequenos crustáceos (krill) e algas, transformam-se em reservatório de ômega 3. E como essas gorduras podem nos fazer tão bem?

Os ácidos graxos do ômega-3 ajudam o controle da inflamação crônica, aquela que pode surgir por diferentes situações, como uma inflamação aguda que não tenha sido tratada, doenças autoimunes, pela exposição a toxinas e à poluição, dieta desbalanceada, fumo e excesso de álcool, por meio da sua capacidade de reduzir as citocinas inflamatórias, que são a chave para a resposta inflamatória do corpo.

O EPA pode cruzar a barreira que “controla” a passagem de substâncias que estão no sangue para o sistema nervoso central e ajudar a diminuir a inflamação associada à doença de Alzheimer, além de reduzir o risco de AVC.

Também colabora com a reparação de danos causados nas estruturas celulares. Esses danos são provocados pelos radicais livres, que oxidam os ácidos graxos da membrana celular, o DNA e as proteínas das células. Esse mecanismo, denominado estresse oxidativo, pode ser o gatilho para a inflamação.

Outra ação importante é na saúde ocular. Fatores como a poluição do ar e excesso de exposição às telas emissoras de luz azul podem acelerar processos de degradação da visão, como a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e a catarata. Cada vez mais, pesquisas vêm demonstrando os benefícios do ômega-3 para os olhos, isso porque o DHA é uma das principais gorduras estruturais na mácula. Os fotorreceptores são as células do corpo com maior concentração desse ácido graxo. Por isso, pode ser indicada a suplementação com ômega-3 para os olhos.

Em relação à sua ação no cérebro, grande parte da estrutura cerebral é formada por ácidos graxos, portanto, a sua suplementação pode ser importante.

Vários estudos sugerem que o consumo insuficiente de ômega-3 está correlacionado à diminuição da capacidade de adaptação cerebral, causando prejuízo para aprendizagem e memória. Também foi identificado que o ômega-3 pode ajudar a reverter as mudanças neuronais relacionadas à idade e manter o aprendizado e a memória de desempenho a partir da sua potente ação antioxidante e anti-inflamatória.

Alguns dados sugeriram que a ingestão dietética de ácidos graxos ômega-3 pode ser benéfica para a saúde mental, já que o DHA é capaz de atuar na ligação entre neurotransmissores e receptores, melhorando sintomas relacionados à depressão.

Como esse tipo de gordura é essencial para o organismo, mas muito difícil de ser produzida em quantidades adequadas, é necessária uma ingestão considerável de peixes gelados para garantir seus benefícios, o que está acima da média consumida pelos brasileiros. Daí a importância da suplementação.


Fonte: O GLOBO