Quem participou nas conversas que Luiz Inácio Lula da Silva teve a portas fechadas em Brasília, nos últimos dias, saiu com a convicção de que o presidente da República não tem mais dúvidas sobre quem vai nomear para a vaga de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF).

Lula sinalizou aos interlocutores que está decidido a indicar o ministro da Justiça, Flávio Dino. A questão, para ele, agora é outra: quem assume o lugar de Dino.

No desenho ideal de Lula para essa dança das cadeiras, ele anuncia a indicação de Dino junto com o nome do substituto.

Seu preferido para o posto é o atual advogado-geral da União, Jorge Messias, mas, nos últimos dias, Messias tem dito nos bastidores que não quer o posto e que continua na corrida pelo STF. A aliados, chegou a dizer inclusive que, se Lula não o indicasse para o tribunal, não aceitaria a Justiça e ficaria na AGU.

Lula recebeu o recado e entendeu que terá que fazer um agrado ao subordinado, para que ele não se sinta preterido. "Preciso conversar muito com o Messias", ele tem dito aos auxiliares mais próximos.

Mas nem ele nem ninguém em Brasília acredita que Messias recusaria mesmo um convite para um ministério tão importante. O arranjo teria ainda a vantagem de abrir espaço para o presidente da República nomear uma mulher negra para a AGU, a assessora especial de Diversidade e Inclusão do órgão, Claudia Trindade.

Depois de nomear Cristiano Zanin para o Supremo, Lula passou a ser alvo de pressão por parte da esquerda e de movimentos da sociedade civil para nomear uma mulher ou um negro para a vaga.

O presidente já descartou essa possibilidade, mas a pressão continua, e Lula quer entregar algum tipo de "prêmio de consolação" à sua base política.

Além de Dino e Messias, corre por fora na disputa para o STF o presidente do TCU, Bruno Dantas. Apoiado por lideranças do Centrão e pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, ele tem boa relação com o presidente da República, mas não está nem entre os preferidos de Lula e nem do PT.

Se Lula realmente optar pelo advogado-geral da União no lugar de Dino, Messias vai passar na frente de vários auxiliares que sabem do favoritismo do chefe para o STF e já disputam há dias a oportunidade de substituí-lo no ministério da Justiça.

Um deles é o secretário nacional de Justiça, Augusto de Arruda Botelho. Outro é secretário-executivo, Ricardo Cappelli, que também torce pelo desmembramento da pasta – se isso ocorrer, acredita que poderia cuidar da área da segurança pública. Outro nome lembrado nos bastidores é o do advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do grupo Prerrogativas, influente grupo de advogados próximo a Lula e o PT.


Fonte: O GLOBO