Tempestade Daniel afetou nos últimos dias a Grécia, Turquia e Bulgária, com um balanço de 27 mortos; mais de 300 vítimas foram enterradas na Líbia, muitas em valas comuns
As chuvas torrenciais e inundações na Líbia deixaram um número "enorme" de mortos, que pode chegar a milhares em um país que já conta com quase 10 mil desaparecidos, alertou nesta terça-feira um funcionário do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (CICV). Autoridades locais falam em 2 mil mortos até agora. Na segunda-feira, mais de 300 vítimas foram enterradas, muitas delas em valas comuns.
— Não temos números definitivos no momento — disse Tamer Ramadan durante a entrevista coletiva regular da ONU em Genebra. — As necessidades humanitárias superam em muito as capacidades do Crescente Vermelho Líbio, e inclusive as do governo.
A enorme quantidade de chuva é o resultado de um sistema muito forte de baixa pressão que provocou inundações catastróficas na Grécia, Turquia e Bulgária, na semana passada, com um balanço de 27 mortos. Classificada pelos cientistas como um "fenômeno extremo em termos de volume de água", a tempestade Daniel deslocou-se para o Mediterrâneo antes de se transformar num ciclone tropical conhecido como Medicane (furacão do Mediterrâneo, em inglês).
Na cidade portuária de Derna, onde vivem 100 mil pessoas, cerca de 6 mil estão desaparecidos só na cidade de Derna, de acordo com autoridades locais. Edifícios de vários andares nas margens do rio ruíram e casas inteiras desapareceram após o rompimento de duas barragens. A cidade costeira, a 250 quilômetros da capital, Benghazi, é cercada por colinas e cortada ao meio pelo que normalmente é um leito de rio seco no verão, mas que se transformou numa torrente violenta que também destruiu várias pontes importantes.
— A situação [em Derna] é catastrófica. Os corpos continuam espalhados em muitos lugares — disse o ministro da Saúde Othman Abduljalil, à TV Almasar. — Há famílias ainda presas dentro de casa e vítimas sob os escombros. Presumo que as pessoas tenham sido arrastadas para o mar.
O chefe da autoridade de Emergência e Ambulâncias da Líbia, Osama Aly, admitiu à CNN que as autoridades não previram a escala do desastre.
— As condições meteorológicas não foram bem estudadas, os níveis da água do mar e das chuvas [não foram estudados], nem as velocidades do vento. Famílias que poderiam estar no caminho da tempestade e nos vales não foram retiradas — disse. — A Líbia não estava preparada para uma catástrofe como esta. Nunca testemunhamos esse nível de catástrofe antes.
O leste do país abriga os principais campos e terminais de petróleo do país. A Companhia Nacional de Petróleo (NOC) declarou "estado de alerta máximo" e suspendeu os voos entre os centros de produção, onde as atividades foram drasticamente reduzidas.
Fonte: O GLOBO
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