MetSul alerta para onda de calor em todas as regiões; o superaquecimento do corpo pode levar à insolação e morte

O Brasil ainda está oficialmente no inverno, mas o calor já começa a aparecer com força. E o cenário deve piorar nas próximas duas semanas. Segundo a MetSul, as cinco regiões do Brasil serão atingidas por uma onda de calor que pode provocar as maiores temperaturas do mês de setembro e até quebrar recordes em alguns lugares.

A previsão indica que temperaturas em torno de 40ºC serão registradas, por exemplo, no Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão. O calor intenso e extremo pode ser perigoso para a saúde.

Morrer de calor não é figura de linguagem: é um risco real, alertam cientistas. As altas temperaturas estão entre os grandes problemas de saúde pública da década no planeta, destaca a revista Lancet, que recentemente dedicou ao tema uma série especial de estudos.

O calor adoece e mata de diferentes formas. Um estudo do grupo de Camilo Mora, da Universidade do Havaí, lista 27 formas pelas quais ele pode ser fatal. São cinco mecanismos fisiológicos podem ser deflagrados pela temperatura elevada: isquemia (redução ou interrupção da irrigação sanguínea), citotoxidade (envenenamento das células), inflamação, coagulação intravascular disseminada (formação de trombos que podem destruir órgãos) e rabdomiólise (síndrome causada pela destruição das fibras musculares).

O calor pode impactar gravemente sete órgãos: cérebro, coração, intestinos, fígado, rins, pulmões e pâncreas.

Quando o corpo é aquecido, o hipotálamo ativa uma resposta cardiovascular, que dilata os vasos sanguíneos e redireciona o sangue para a pele, onde o calor é dissipado para o ambiente. O problema é que isso prejudica a irrigação de outros órgãos, como o pâncreas. Com a baixa oxigenação, o organismo libera moléculas tóxicas.

O corpo também perde muito líquido na tentativa de se aliviar pelo suor. Em excesso, essa reação desidrata o corpo e torna o sangue viscoso, afetando os rins e o coração, que são mais exigidos. A desidratação também causa vasoconstrição, que eleva o risco de trombose e de derrame.

O calor extremo mergulha o corpo no caos. O cérebro deixa de receber oxigenação suficiente e falha no comando do organismo.

— A pressão sanguínea é alterada, causando um efeito dominó, no sistema respiratório, nos rins e em outros órgãos. A pessoa deixa de trocar calor com o ambiente e pode sofrer desmaios e até, nos casos graves, um choque térmico letal — explica Coelho.

Acima de 39ºC, 40ºC, enzimas fundamentais para o metabolismo sofrem uma queda abrupta na velocidade das reações químicas necessárias à vida. O corpo começa a parar, de quebrar proteínas e açúcares para obter nutrientes e energia.

A tolerância ao calor varia de um indivíduo para outro e também do seu entorno. Embora o calor seco seja terrível, a umidade é ainda pior. Ela impede que o suor evapore e regule a temperatura.


Fonte: O GLOBO