Ao Fantástico, duas estrangeiras falaram sobre a violência sexual e o abuso psicológico sofridos e terem sido forçadas a se tatuarem com um símbolo da família do empresário

Ao Fantástico, da TV Globo, duas novas mulheres falaram sobre terem sofrido violência sexual e abuso psicológico quando se relacionaram com o empresário Thiago Brennand, além de terem sido forçadas a tatuarem o símbolo de sua família. Preso desde abril, Brennand é alvo de uma série de acusações por crimes como estupro, agressão e cárcere privado.

As novas denúncias são de duas estrangeiras, que não foram identificadas pela reportagem, e que moraram em um apartamento do empresário em São Paulo. Os casos já foram relatados às autoridades brasileiras, e ambas retornaram a seus países de origem. Uma delas, russa, de 35 anos, conheceu o empresário há cinco anos em uma academia em Moscou.

— No início ele era perfeito, me sentia a melhor mulher do mundo. Era galanteador, carismático. Mas isso foi caminhando para um hiper controle sem que eu me desse conta. Logo, eu não podia mais expressar minha opinião porque a conversa se transformava numa discussão e evoluía para agressão. Ele dizia “você emagreceu, engordou, não pendurou minha camisa no lugar certo, você é uma dona de casa péssima” — contou ao programa.

Ambas as mulheres eram proibidas de sair de casa sozinhas e de manter contato com amigos e familiares. A russa disse que Brennand alegava que o Brasil é “um país muito perigoso, principalmente para as estrangeiras bonitas”. Ela conta ter sido estuprada, agredida e pressionada pelo empresário a se tatuar em uma região íntima.

— Me senti carimbada (...) Ele gostava de se gabar disso. Quando vinha gente em casa, ele pedia para que eu mostrasse a tatuagem dizendo que eu era mais uma mulher marcada. Ele tinha até uma pasta no computador com as tatuagens, uma para cada menina. Não me lembro de quantas exatamente, mas era mais de 10 — afirmou ao Fantástico.

Segunda denúncia

Três anos antes de ela ter ido morar com Brennand, a outra mulher que fez uma nova denúncia esteve com o empresário no mesmo apartamento. Ela, que também é europeia, o conheceu quando tinha 19 anos e ainda estava no ensino médio. Apaixonada, largou os estudos e se mudou para São Paulo para morar com ele.

Depois de cinco meses, ela conseguiu fugir e voltar para seu país de origem com uma passagem comprada pela irmã. Hoje, com 26 anos, conta também ter sido estuprada, agredida e tatuada na época em que esteve com o empresário.

— A pressão era tão grande que na época me pareceu melhor me submeter a isso (a tatuagem) para deixar ele mais calmo. O Thiago se sentia provocado por coisas mínimas. Um fio de cabelo arrepiado, ou o esmalte das minhas unhas lascado dois dias depois da manicure. 

Ou queria que eu usasse batom, mas eu estava sem, ou eu estava com, mas ele não gostava da cor (...) Ele me estuprou, me bateu, me chutou, atirou objetos, sapatos, me sufocava, batia na minha cabeça, no peito — falou em entrevista ao programa da TV Globo.

Segundo o Fantástico, Brennand ainda não é réu em nenhuma das duas novas denúncias. O relato da mulher russa está em investigação no Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Sorocaba, São Paulo. A Procuradoria-Geral da Justiça foi informada e pediu a cooperação internacional para acionar as autoridades da Rússia.

O caso da outra mulher europeia é investigado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Em nota, o advogado de Brennand, Roberto Podval, disse ao Fantástico que “entende que a Justiça é o local adequado para se tratar das denúncias apresentadas contra ele, com base na lei e nos fatos”. “Sabemos que o pré-julgamento midiático destrói a vida de uma pessoa”, continuou.

Preso desde abril

O empresário enfrenta hoje, ao todo, nove ações criminais na Justiça, com processos por estupro, lesão corporal, sequestro, cárcere privado, corrupção de menores, calúnia, difamação e ameaça. Os casos começaram a ser revelados em agosto do ano passado, quando o Fantástico exibiu um vídeo em que Brennand aparece agredindo a modelo e atriz Helena Gomes em uma academia de São Paulo.

Depois, pelo menos 15 mulheres procuraram o Ministério Público de São Paulo para denunciá-lo por crimes como agressão e estupro. Em setembro do ano passado, logo após o caso da academia ter ganhado repercussão nacional, ele deixou o país. Em abril, foi extraditado dos Emirados Árabes Unidos, e está preso desde então.


Fonte: O GLOBO