O agressor, um palestino de 23 anos da Cisjordânia, foi morto a tiros por um civil

Sete pessoas ficaram feridas em um ataque com um carro no norte de Tel Aviv nesta terça-feira. O agressor, um palestino de 23 anos da Cisjordânia que estava em Israel com uma licença médica, foi morto a tiros por um civil no local. 

O incidente acontece um dia após os piores ataques de Israel contra o território ocupado da Cisjordânia em quase duas décadas, com bombardeios aéreos e o deslocamento de cerca de mil soldados, que deixaram ao menos dez palestinos mortos e 100 feridos, 20 em estado grave. A operação israelense continua nesta terça-feira.

Os feridos no ataque em Tel Aviv, incluindo uma mulher de 46 anos que sofreu ferimentos graves, foram levados a hospitais próximos. Algumas das vítimas foram feridas com facadas e outras com escoriações decorrentes do impacto do veículo.

O comandante do distrito policial de Tel Aviv, Ami Eshed, confirmou que o ataque foi um ato terrorista realizado por um morador da Cisjordânia, que aparentemente agiu sozinho.

— Aparentemente, o suspeito estava dirigindo um veículo que circulava de sul para norte, atropelou pedestres e saiu do veículo para esfaquear civis com um objeto pontiagudo — afirmou. — A polícia está tomando medidas para descobrir se o agressor estava acompanhado por mais alguém. No momento, a situação é estável.

O porta-voz do Hamas, Hazem Kassem, celebrou o ataque como uma "ação heróica", e "a primeira resposta aos crimes de Israel contra nosso povo no campo de refugiados de Jenin".

— Como a resistência já disse: Israel pagará o preço por seus crimes. O ocupante deve se preparar para contar seus mortos e feridos, pois o sangue de nossos filhos não é barato.

Um alto funcionário do movimento armado palestino Jihad Islâmica também elogiou o ataque como "uma resposta inicial e natural da resistência ao que está acontecendo em Jenin", embora não tenha reivindicado a responsabilidade pelo incidente.

Na segunda-feira, dez pessoas morreram após bombardeios aéreos no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, que não aconteciam em grande escala desde o fim da Segunda Intifada, em 2005. A ação teria como alvo um "centro de comando operacional" dos combatentes das Brigadas de Jenin, associadas à Jihad Islâmica.

Nesta terça-feira, as ruas desertas da cidade estavam repletas de escombros, pedras e barricadas improvisadas. No campo, os ataques deixaram pelas ruas cabos de eletricidade danificados e poças de combustível. Pelo menos 3 mil refugiados já deixaram o local, segundo o vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Roub.

À frente do governo mais de direita da História israelense, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ordenou a operação com prazo indefinido, que continuava nesta terça.

— Nossas forças entraram no ninho de terroristas em Jenin. Estão destruindo centros de comando e apreendendo uma quantidade considerável de armas — disse Netanyahu.

O Exército israelense confirmou ter "neutralizado" um poço subterrâneo para armazenar explosivos. "Os soldados localizaram e desmantelaram duas salas de operações pertencentes a organizações terroristas na área", afirmou em comunicado.

O Ministério das Relações Exteriores da Palestina, por sua vez, denunciou uma "guerra aberta contra a população de Jenin".

O campo de Jenin, lar de aproximadamente 18 mil pessoas, foi criado há 70 anos para abrigar refugiados palestinos após a criação de Israel em 1948. Jenin tem menos de meio km² e é um dos bastiões da resistência armada palestina, berço de uma nova geração de combatentes articulada de forma mais horizontal. É também lar de centenas de integrantes de movimentos mais tradicionais, como o Hamas, a Jihad Islâmica e o Fatah, que possuem armas poderosas e numerosos artefatos explosivos.

A Chancelaria palestina pediu por meio de um comunicado "intervenção internacional e americana urgente para deter a agressão" israelense, condenando-a nos "termos mais energéticos". Por meio de um porta-voz, a Casa Branca afirmou que "acompanha a situação de perto", mas que "apoia a segurança de Israel e seu direito de defender seu povo contra o Hamas, a Jihad Islâmica Palestina e outros grupos terroristas".

Em 2022, forças israelenses mataram mais de 170 palestinos nos territórios ocupados da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental, o ano mais letal desde 2006. Até maio deste ano, os mortos já eram 156, despertando indagações de alguns especialistas se havia uma nova Intifada em curso — tensões que pioraram com a volta de Netanyahu ao poder em dezembro após um interregno de 18 meses. Em contrapartida, quase 30 israelenses morreram em ataques de combatentes árabes ou palestinos.


Fonte: O GLOBO